Pergunta
Quando falamos de livre-arbítrio, geralmente estamos preocupados com a questão da salvação. Poucos se interessam se temos a liberdade de escolher salada ou bife para o jantar desta noite. O que realmente inquieta é quem, de fato, está no comando do nosso destino eterno.
Resposta
Qualquer discussão sobre o livre-arbítrio do homem deve começar com uma compreensão da sua natureza, pois a vontade humana está limitada por ela. Assim como um prisioneiro tem a liberdade de caminhar dentro da sua cela, mas não pode ultrapassar as paredes que o confinam, o ser humano se vê restrito pela sua própria natureza. Por causa do pecado, o homem está aprisionado em uma cela de corrupção e maldade que alcança o âmago de seu ser, afetando corpo, mente e vontade. Em nosso estado natural, somos dominados por desejos carnais e não por uma mentalidade espiritual. Isso significa que, sem intervenção, o ser humano não é capaz de escolher o que é verdadeiramente bom e santo, não possuindo o “livre-arbítrio” para escolher a Deus, pois sua vontade está condicionada à sua natureza limitada.
Como, então, alguém pode ser salvo? A explicação está no processo descrito pelas Escrituras: nós, que estávamos “mortos em nossas transgressões e pecados”, fomos “vivificados” por meio de Cristo. Assim como um homem morto não pode se reerguer por si mesmo, nós também, espiritualmente mortos, não conseguimos nos salvar sozinhos. Mas, enquanto ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós. Ele nos chamou para fora de nossos túmulos espirituais e nos concedeu uma natureza completamente nova, livre da contaminação do pecado que caracterizava nossa antiga condição.
Em Sua grande misericórdia, Deus reconheceu o estado desesperador das nossas almas e escolheu soberanamente enviar Seu Filho para a cruz, redimindo-nos por meio de um dom gratuito: a fé. É pela graça de Deus que somos salvos, não por nossas obras ou decisões pessoais. Nossa fé e salvação são dons que nos foram concedidos àqueles que Deus escolheu “antes da fundação do mundo”. Essa escolha reflete o bom prazer da vontade divina, manifestado para exaltar a glória de Sua graça. Se a salvação dependesse de uma escolha humana, a glória pertenceria a nós; mas Deus deixou claro que a honra é exclusiva à Sua grandeza.
A questão que naturalmente surge é como podemos saber quem foi salvo “desde a fundação do mundo”. A resposta é que não temos como determinar isso por conta própria. Por isso, é imperativo levar as boas novas da salvação por meio de Jesus Cristo a todos os lugares, convidando cada pessoa ao arrependimento e à recepção do dom da graça divina. Não nos cabe escolher quem será libertado do cativeiro do pecado; essa decisão permanece na competência exclusiva de Deus. Assim, o evangelho é oferecido a todos, e aqueles que se aproximam de Jesus jamais serão rejeitados.