Ninguém jamais viu Deus. Essa afirmação refere-se à natureza espiritual de Deus. Deus é espírito, e, por isso, somos naturalmente limitados em percebê-Lo; olhos físicos não conseguem contemplar seres espirituais.
O Senhor Jesus Cristo é um caso único: ninguém jamais entrou no céu, exceto aquele que desceu do céu – o Filho do Homem. Sendo tanto o Filho do Homem quanto o Filho de Deus, Jesus conhece tanto o reino terreno quanto o celeste. Ele desceu do céu, onde esteve com Deus desde o princípio. Jesus viu Deus; de fato, Ele é a personificação de tudo o que Deus é, revelando-O de maneira incomparável através de Sua união íntima com o Pai.
Por causa de nossas limitações físicas, morais e espirituais, Deus Pai enviou Seu Filho unigênito ao mundo. Por meio de Jesus Cristo, conhecemos Deus e fomos redimidos de nossos pecados. Se quisermos ver Deus, devemos olhar para Jesus. Aqueles que o contemplaram enquanto caminhava pela terra estavam, de certa forma, vendo Deus – não um Deus apenas em forma de espírito, mas Deus revestido de humanidade.
Quando Moisés conversou com Deus na sarça ardente, ele escondeu o rosto, temeroso de olhar diretamente para Deus. Mais tarde, Deus lhe afirmou que ninguém poderia ver Seu rosto e viver. Em outras palavras, ver Deus em toda a plenitude de Sua glória excede a capacidade de qualquer ser mortal. Moisés recebeu apenas um vislumbre da glória divina, e, para sua própria preservação, a maior parte dessa glória foi mantida oculta.
Como devemos entender, então, outras passagens que descrevem pessoas “vendo” Deus? Por exemplo, no mesmo capítulo em que Moisés não podia ver Deus em Sua totalidade, ele dialogava com Deus “face a face”. Nesse caso, a expressão deve ser entendida como uma figura de linguagem que indica uma comunhão íntima entre Moisés e Deus, como se estivéssemos diante de uma conversa entre dois seres humanos.
Há ainda outras ocasiões em que pessoas parecem ter visto Deus:
- Jacó: Em um episódio registrado em Gênesis, Jacó luta com alguém que, posteriormente, se revela ser Deus. Ao término do confronto, impressionado com o ocorrido, Jacó declara ter visto Deus “face a face” e, ainda assim, teve sua vida preservada. Contudo, ele não viu Deus em toda a Sua glória nem em forma puramente espiritual; o que ocorreu foi uma teofania – uma manifestação de Deus em forma humana.
- Os pais de Sansão: Em Juízes, os pais de Sansão interagem com o anjo do Senhor, sem perceber inicialmente a verdadeira identidade do interlocutor. Somente após um sinal surpreendente, que culmina na ascensão do anjo aos céus, eles compreendem que haviam contemplado Deus, ainda que o tenham visto apenas na forma angelical – outro exemplo de teofania ou cristofania.
- Isaías: Em Isaías, o profeta tem uma visão do Senhor exaltado, sentado em um trono, acompanhado por serafins que, em reverência, cobrem seus rostos na presença divina. Assombrado por seu próprio pecado, Isaías clama em desespero, reconhecendo ter visto o Rei, o Senhor dos Exércitos. Após essa experiência, Deus perdoa seus pecados e o comissiona como profeta. Nessa visão, Isaías não contempla Yahweh em Sua totalidade, mas sim um símbolo de Sua presença e majestade.
Ninguém jamais viu Deus, o bendito e único Soberano – o Rei dos reis e Senhor dos senhores, que é imortal e habita em uma luz inacessível, a qual nenhum ser pode ver. É somente através do Filho unigênito, Jesus Cristo, que podemos nos aproximar, conhecer e, de certa forma, ver Deus.