O que a Bíblia diz sobre o batismo infantil / paedobatismo?

Pergunta

O que a Bíblia diz sobre o batismo infantil ou pedobatismo?

Resposta

A Bíblia permanece em silêncio quanto ao batismo infantil, ou pedobatismo (também escrito como pedobatismo). Não há registro de um bebê ter sido batizado no Novo Testamento. Entretanto, o batismo infantil tem sido praticado por muitas igrejas cristãs ao longo da história, já desde o segundo século.

Na época de Agostinho (354–430 d.C.), o batismo infantil já era aceito como procedimento padrão no cristianismo. Hoje, católicos romanos, a maioria das igrejas ortodoxas, luteranos, anglicanos, episcopais, presbiterianos, tradições reformadas e metodistas praticam o batismo infantil.

No entanto, durante a Reforma Protestante, o batismo infantil passou a ser examinado mais atentamente. Muitos grupos protestantes – especialmente os anabatistas – questionavam a ideia do batismo infantil, defendendo que o batismo deveria ser reservado para aqueles que primeiro fizessem uma profissão de fé em Jesus Cristo. Essa posição é conhecida como batismo de crentes, ou credobatismo.

Jesus foi batizado por João e ensinou seus discípulos a batizar aqueles que se arrependessem de seus pecados, acreditassem Nele e recebessem salvação em seu nome (conforme descrito em passagens dos Atos e do Evangelho). Para os defensores do batismo de crentes, esse ato representa um importante primeiro gesto de obediência realizado por alguém que já aceitou Jesus como Senhor – um testemunho público de fé. Além disso, o batismo por imersão evidencia de maneira clara a identificação com Cristo em sua morte, sepultamento e ressurreição. Por outro lado, o método de derramamento ou aspersão, empregado no batismo infantil, não ilustra de forma expressiva esses aspectos da morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo.

Aqueles que se opõem ao batismo infantil fundamentam sua posição na ênfase repetida do Novo Testamento sobre o arrependimento e a fé em Jesus Cristo. Um bebê não pode se arrepender nem depositar sua fé em Cristo, tampouco compreender conscientemente o evangelho e decidir obedecer e submeter-se a Jesus. Assim, para os defensores do credobatismo, o batismo – que deve ocorrer após a salvação – só pode ser aplicado a pessoas que escolham acreditar e seguir Cristo.

Como a palavra original traduzida como “batizar” significa “mergulhar ou imergir na água”, o batismo de crentes é, geralmente, realizado por imersão total. Já o batismo infantil envolve, tipicamente, a aspersão com água ou o derramamento de água sobre a testa. Assim, é inadequado afirmar que a definição de batismo abrange o método utilizado no batismo infantil.

Muitas tradições cristãs que defendem o batismo infantil o fazem por entenderem que o batismo é o equivalente, no Novo Testamento, à circuncisão. Assim como a circuncisão unia os hebreus do Antigo Testamento aos pactos abraâmico e mosaico, muitos acreditam que o batismo une a pessoa ao Novo Pacto da salvação, por meio de Jesus Cristo. Essa perspectiva se apoia na declaração do apóstolo Paulo em Colossenses 2:11–12: “Quando vocês chegaram a Cristo, foram ‘circuncidados’, porém não por meio de um procedimento físico. Cristo operou uma circuncisão espiritual – removendo a natureza pecaminosa de vocês. Pois foram sepultados com Cristo quando foram batizados. E, com Ele, foram ressuscitados para uma nova vida, por terem confiado no poderoso poder de Deus, que ressuscitou Cristo dos mortos.”

A interpretação desse trecho é de que Paulo não está substituindo o rito da circuncisão do Antigo Testamento pela ordenança do batismo do Novo Testamento; ele utiliza ambos, circuncisão e batismo, como analogias para transmitir uma verdade espiritual. O fato de que a circuncisão não equivale ao batismo fica evidente no ensino de Paulo de que os cristãos foram tanto circuncidados quanto batizados. Lembrando que a circuncisão aqui é entendida de forma espiritual – “realizada sem as mãos”. Ademais, pertencer ao Novo Pacto requer um ato voluntário de fé, algo que os bebês não podem realizar. A fé em Jesus Cristo, e não obras como o batismo (ou a circuncisão), é o que permite desfrutar as bênçãos do Novo Pacto.

As igrejas que praticam o batismo infantil frequentemente afirmam que o batismo é o meio pelo qual uma pessoa recebe o Espírito Santo, baseando-se nas palavras de Pedro em Atos 2:38: “Arrependam-se e sejam batizados, cada um de vocês, em nome de Jesus Cristo, para o perdão de seus pecados. E receberão o dom do Espírito Santo.” De acordo com muitos defensores do pedobatismo, o batismo distingue a criança e assegura a sua salvação. Ainda citam os batismos realizados em famílias no Novo Testamento como evidência de que toda a família foi salva e batizada – pressupondo que crianças e bebês também estivessem incluídos – e não apenas os adultos. Contudo, essa interpretação extrapola o que o texto bíblico expressa.

É importante destacar que nem o batismo infantil nem o batismo de adultos podem, por si só, salvar uma pessoa. A salvação é concedida pela graça, por meio da fé, e não por obras (como demonstrado em diversas passagens do Novo Testamento). Independentemente de ser por imersão, derramamento ou aspersão, se o indivíduo não confiar primeiramente em Cristo para a salvação, o batismo – em qualquer modalidade – é insuficiente para salvar.

Se pais cristãos desejarem dedicar seu filho a Cristo, um serviço de dedicação infantil é apropriado. Contudo, não há mandamento ou exemplo bíblico que institua o batismo de bebês. Seja a criança dedicada, batizada ou ambos, ela, em algum momento, precisará fazer uma escolha pessoal de se arrepender do pecado e confiar em Jesus Cristo para obter a salvação.

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