O que é hermenêutica bíblica?

O que é hermenêutica bíblica?

A hermenêutica bíblica é o estudo dos princípios e métodos de interpretação do texto da Bíblia. Em 2 Timóteo 2:15, somos instruídos a nos dedicarmos à hermenêutica, apresentando-nos a Deus como aprovados, obrreiros que lidam corretamente com a palavra da verdade. O objetivo da hermenêutica bíblica é nos ajudar a interpretar, compreender e aplicar a Bíblia de maneira correta.

A lei mais importante da hermenêutica bíblica é que a Bíblia deve ser interpretada de forma literal. Devemos entendê-la em seu sentido normal ou direto, a menos que o trecho claramente tenha a intenção de ser simbólico ou contenha figuras de linguagem. A Bíblia diz o que quer dizer e quer dizer o que diz. Por exemplo, quando Jesus fala de ter alimentado “os cinco mil”, a lei hermenêutica determina que o número cinco mil seja compreendido literalmente – havia uma multidão faminta de cinco mil pessoas que foram alimentadas com pão e peixe reais por um Salvador operante em milagres. Qualquer tentativa de “espiritualizar” esse número ou de negar a ocorrência do milagre literal acaba por deturpar o texto e desconsiderar o propósito da linguagem, que é comunicar. Alguns intérpretes erram ao tentar ler nas entrelinhas das Escrituras em busca de significados esotéricos que não estão realmente presentes, como se cada passagem escondesse uma verdade espiritual oculta a ser decifrada. A hermenêutica bíblica nos mantém fiéis ao significado pretendido das Escrituras, evitando a alegorização de versículos que deveriam ser entendidos de forma literal.

Outra lei crucial da hermenêutica bíblica é que os trechos devem ser interpretados de forma histórica, gramatical e contextual. Interpretar um trecho historicamente significa buscar compreender a cultura, o pano de fundo e as circunstâncias que deram origem ao texto. Por exemplo, para entender plenamente a fuga de Jonas, é necessário pesquisar sobre a história dos assírios em relação a Israel. Já a interpretação gramatical exige que sigamos as regras da língua e reconheçamos as nuances do hebraico e do grego. Por exemplo, quando Paulo escreve “nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo”, as regras gramaticais indicam que “Deus” e “Salvador” são termos paralelos, ambos relacionados a “Jesus Cristo”, deixando claro que Paulo se refere a Jesus como “nosso grande Deus”. Interpretar um trecho de forma contextual envolve considerar o ambiente imediato – os versículos que o antecedem e o sucedem, o capítulo, o livro e, de maneira mais ampla, toda a Bíblia. Por exemplo, várias afirmações enigmáticas em Eclesiastes tornam-se mais claras quando se leva em conta que o livro é escrito sob uma perspectiva terrena, “debaixo do sol”. A expressão “debaixo do sol” se repete diversas vezes, estabelecendo o contexto para a vaidade que permeia este mundo.

Uma terceira lei importante da hermenêutica bíblica é que as Escrituras são o seu próprio melhor intérprete. Por isso, é fundamental comparar as passagens bíblicas entre si para determinar o significado correto de um trecho. Por exemplo, a condenação que Isaías faz à dependência de Judá em buscar auxílio do Egito é reforçada pelo comando explícito de Deus para que Seu povo não recorresse ao Egito em busca de cavalos.

Algumas pessoas evitam estudar a hermenêutica bíblica por acreditarem equivocadamente que isso limitará sua capacidade de descobrir novas verdades na Palavra de Deus ou impedirá que o Espírito Santo ilumine as Escrituras. Contudo, esses receios são infundados. A hermenêutica bíblica consiste em encontrar a interpretação correta do texto inspirado, protegendo-nos contra a má aplicação da Escritura e o viés pessoal em nossa compreensão da verdade. A Palavra de Deus é a verdade, e almejamos ver, conhecer e viver essa verdade da melhor forma possível. Por isso, a hermenêutica bíblica é de suma importância.

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