O que Jesus quis dizer com “sobre esta rocha edificarei a minha igreja” em Mateus 16:18?

O que Jesus quis dizer com “sobre esta rocha edificarei a minha igreja” em Mateus 16:18?

As palavras de Jesus em Mateus 16:18 são o foco de um debate contínuo sobre quem ou o que seria “a rocha” mencionada por Ele. No contexto imediato, Jesus pergunta aos discípulos: “Quem vocês dizem que eu sou?” e Pedro responde: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”, ao que Jesus replica afirmando que tal revelação não foi obtida por carne e sangue, mas sim pelo Pai celestial. Em seguida, Ele diz: “Tu és Pedro, e sobre esta rocha edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”

Isso nos leva a indagar: seria a rocha representada por Pedro? Ou estaria se referindo à fé de Pedro, à verdade de sua declaração ou até mesmo a Jesus próprio? Não há maneira de termos certeza absoluta sobre qual dessas interpretações se mostra correta.

Primeira visão: a rocha é Pedro

Uma interpretação é a de que Jesus estaria declarando que Pedro seria a “rocha” sobre a qual Ele edificaria Sua igreja. Jesus faria um jogo de palavras, associando o nome “Pedro” – que significa “rocha” – com a fundação da igreja. Realmente, Deus utilizou Pedro de forma marcante durante o início da igreja, sendo ele quem proclamou o evangelho no dia de Pentecostes e levou a mensagem primeiramente aos gentios, tornando-se uma verdadeira base para o estabelecimento da igreja.

Segunda visão: a rocha é a verdade contida na declaração de Pedro

Outra interpretação popular sustenta que a “rocha” a que Jesus se refere não seria Pedro em si, mas sim a declaração feita por ele: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Segundo essa visão, a igreja seria edificada sobre a verdade inabalável de que Jesus é o Escolhido de Deus e o Filho eterno. Ao confessar essa verdade, Pedro demonstrava, por meio de sua fé, a solidez sobre a qual a igreja se apoiava.

Terceira visão: a rocha é a fé de Pedro

Outra interpretação leva em conta que, embora Jesus não tenha revelado plenamente Sua identidade antes, Deus abriu os olhos de Pedro para reconhecer quem Ele realmente era. Assim, a confissão de Pedro – um sincero ato de fé ao reconhecer Jesus como o Messias e Filho de Deus – torna sua própria fé o fundamento que edifica a verdadeira igreja. Os crentes, depositando sua fé em Cristo, seriam comparados a “pedras vivas” que se unem para formar um edifício espiritual sólido.

Quarta visão: a rocha é Jesus

Após afirmar que o Pai havia revelado a verdade a Pedro, Jesus diz: “Tu és Pedro, e sobre esta rocha edificarei a minha igreja”. É relevante notar que o termo grego usado para “Pedro” (Petros) denota uma pedra solta, enquanto o termo para “rocha” (petra) refere-se a uma massa sólida, algo que serve de fundamento. Essa distinção pode indicar que Jesus estava contrastando Pedro com Ele mesmo, sugerindo que, embora Pedro tenha um papel significativo, o verdadeiro fundamento da igreja é Cristo. Outros trechos do Novo Testamento reforçam a ideia de que Jesus é a pedra angular e o alicerce da igreja, sobre o qual os crentes – as “pedras vivas” – são edificados.

Embora os apóstolos tenham desempenhado papéis essenciais na construção da igreja, a primazia daquele que é a Rocha viva é exclusiva de Cristo. Dessa forma, as palavras de Jesus podem ser entendidas também como um jogo de palavras: uma verdade fundamental e sólida caminha ao lado do reconhecimento de Pedro, mas é Cristo quem efetivamente serve de base à igreja.

A Igreja Católica Romana defende que Pedro é a rocha sobre a qual Jesus construiu Sua igreja, título que lhe confere a posição de líder supremo. Contudo, identificar a rocha como sendo exclusivamente Pedro não é a única interpretação possível. Mesmo que Pedro tenha tido um papel crucial, as Escrituras não o colocam como detentor de autoridade absoluta ou exclusivo na edificação da igreja, tampouco registram sua permanência em Roma como comandante de todos os apóstolos. O verdadeiro fundamento da igreja está na fé em Cristo e na revelação divina que lhe foi concedida.

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