O que são os livros Apócrifos / Deuterocanônicos?
As Bíblias católicas contêm vários livros a mais no Antigo Testamento do que as bíblias protestantes. Esses livros são conhecidos como apócrifos ou deuterocanônicos. O termo “apócrifo” significa “oculto”, enquanto “deuterocanônico” remete à ideia de “segundo cânon”. Em sua maioria, esses textos foram escritos entre os períodos do Antigo e do Novo Testamento.
Embora a nação de Israel os tratasse com respeito, os apócrifos nunca foram aceitos como parte integrante do cânon das Escrituras Hebraicas. No início da era cristã, o status desses livros gerou debates, e a maioria dos primeiros cristãos não os considerava como pertencentes ao cânon sagrado, uma vez que o Novo Testamento cita o Antigo Testamento repetidamente, mas nunca faz referência ou alusão a eles.
Além disso, diversos erros e contradições históricos e teológicos podem ser identificados nesses textos. Durante séculos, a Igreja Católica Romana os incluiu em listagens de livros canônicos e, em concílios importantes do final do século IV, como o de Hipona e o Terceiro Concílio de Cartago, houve algum reconhecimento de sua inspiração, embora esses concílios não tenham sido ecumênicos. Mesmo assim, muitos dentro da Igreja entendiam esses livros como úteis, mas não como inspirados de fato.
Foi somente no Concílio de Trento, no século XVI, especialmente em resposta à Reforma Protestante, que a Igreja declarou oficialmente esses livros como inspirados e autoritativos. No entanto, alguns dos ensinamentos presentes nesses textos, como a prática de recorrer aos santos para obter intercessão e a ideia de que a esmola pode gerar mérito espiritual ou expiação dos pecados, divergem dos princípios encontrados na Bíblia.
Embora certos trechos desses livros contenham verdades históricas ou ensinamentos corretos, os erros e contradições presentes fazem com que eles sejam vistos como documentos históricos e religiosos falíveis, e não como a palavra inspirada, final e infalível de Deus.
