Cinco Verdades Sobre a Ira de Deus

A doutrina da ira de Deus caiu em tempos difíceis. No mundo de hoje, qualquer conceito da ira de Deus perturba nossos sentimentos modernos. É muito desconcertante, muito intolerante.

Vivemos em um dia em que nos colocamos como juiz e o caráter de Deus está em julgamento. “Como o inferno pode ser justo?” “Por que Deus ordenaria aos israelitas que destruíssem os cananeus?” “Por que Deus sempre parece tão zangado?”

O fato de que tantas pessoas lutam com essas questões, e muitas mais como elas, significa que, mais do que nunca, é necessário pensar corretamente sobre a doutrina da ira de Deus. É necessário para motivação para a vida cristã, combustível para o culto adequado e como uma caixa de ferramentas para enfrentar as objeções ao cristianismo.

Aqui estão cinco verdades bíblicas sobre a ira de Deus:

1. A ira de Deus é justa.

Tornou-se comum para muitos argumentar que o Deus do Antigo Testamento é um monstro moral que não é digno de adoração.

No entanto, os autores bíblicos não têm esse problema. De fato, diz-se que a ira de Deus está em perfeito acordo com a justiça de Deus. Paulo escreve: “Mas, por causa de seu coração duro e impenitente, você está guardando ira para si mesmo no dia da ira, quando o justo julgamento de Deus será revelado” (Romanos 2:5). A ira de Deus, então, é proporcional à pecaminosidade humana.

“A ira de Deus é o seu amor em ação contra o pecado.”

Da mesma forma, Provérbios 24:12 diz: “Se dizeis: Eis que não sabíamos disto, não o percebe aquele que pesa o coração? Aquele que vigia a tua alma não sabe disso, e não retribuirá ao homem segundo a sua obra?”

J.I. Packer resume: “A ira de Deus na Bíblia nunca é a coisa caprichosa, autoindulgente, irritável, moralmente ignóbil que a ira humana tantas vezes é. É, ao contrário, uma reação correta e necessária ao mal moral objetivo” (Conhecendo a Deus, p. 151).

2. A ira de Deus deve ser temida.

A ira de Deus deve ser temida porque todos pecaram e ficaram aquém da glória de Deus (Romanos 3:23). A ira de Deus deve ser temida porque somos pecadores justamente condenados à parte de Cristo (Romanos 5:1). A ira de Deus deve ser temida porque Ele é poderoso o suficiente para fazer o que promete (Jeremias 32:17). A ira de Deus deve ser temida porque Deus promete castigos eternos à parte de Cristo (Mateus 25:46).

3. A ira de Deus é consistente no Antigo e no Novo Testamento.

É comum pensar no Deus do Antigo Testamento como mau, duro e cheio de ira, e no Deus do Novo Testamento como bondoso, paciente e amoroso. Nenhum desses retratos é representativo do ensino das Escrituras sobre a ira de Deus.

Encontramos descrições imensamente temerosas da ira de Deus tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Aqui estão apenas alguns exemplos:

“Deus deve agir com justiça e julgar o pecado, caso contrário Deus não seria Deus.”

Eis a tempestade do Senhor! A ira saiu, uma tempestade rodopiante; irromperá sobre a cabeça dos ímpios. (Jeremias 30:23)

O Senhor é um Deus ciumento e vingador; o Senhor é vingador e irado; o Senhor se vinga de seus adversários e guarda a ira de seus inimigos. (Naum 1:2)

Pois a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens, que por sua injustiça suprimem a verdade. (Romanos 1:18)

De sua boca vem uma espada afiada com a qual golpear as nações, e ele as governará com uma vara de ferro. Ele pisará o lagar da fúria da ira de Deus, o Todo-Poderoso. (Apocalipse 19:15)

4. A ira de Deus é o seu amor em ação contra o pecado.

Isso é contraintuitivo, mas ouçam-me.

Deus é amor, e Deus faz todas as coisas para sua glória (1 João 4:8; Romanos 11:36). Ele ama sua glória acima de tudo (e isso é bom!). Portanto, Deus governa o mundo de tal forma que traz a si mesmo a máxima glória. Isso significa que Deus deve agir com justiça e julgar o pecado (ou seja, responder com ira), caso contrário Deus não seria Deus. O amor de Deus por sua glória motiva sua ira contra o pecado.

É certo que o amor de Deus por sua própria glória é uma realidade muito preocupante para muitos e não é uma boa notícia para os pecadores. Afinal, é “uma coisa temerosa cair nas mãos do Deus vivo” (Hebreus 10:31).

5. A ira de Deus se satisfaz em Cristo.

“Ao nos salvar de sua própria ira, Deus fez o que não podíamos fazer, e Ele fez o que não merecíamos.”

Aqui temos a última boa nova: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores” (1 Timóteo 1:15). Por causa de Cristo, Deus pode corretamente chamar os pecadores de justificados (Romanos 3:26). Deus fez o que não podíamos fazer e fez o que não merecíamos. Carlos Wesley exultou com razão esta boa notícia:

E será que eu deveria me interessar
pelo sangue do Salvador?
Morreu ele por mim, que causou sua dor!
Para mim, quem ele perseguiu até a morte?
Amor incrível! Como pode ser
que tu, meu Deus, morra por mim?

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