Como distinguimos um transtorno psicológico de uma possessão demoníaca?

Pergunta

A resposta curta a esta questão é que a Bíblia não fala especificamente sobre como distinguir entre possessão demoníaca e um transtorno psicológico. Como Deus optou por não equipar os cristãos para essa tarefa, devemos presumir que não somos chamados para fazê-la. Entretanto, há duas coisas que sabemos com certeza através das Escrituras.

Resposta

Em primeiro lugar, a Bíblia demonstra que demônios podem e, de fato, possuem aqueles que não pertencem a Cristo. As Escrituras registram exemplos de pessoas possuídas por demônios, permitindo identificar sintomas de influência demoníaca e compreender como um demônio pode possuir alguém. Em alguns relatos, a possessão provoca enfermidades físicas — como dificuldade na fala, sintomas epilépticos e cegueira; em outros, o demônio incita a prática do mal, como exemplificado por Judas. Há também o relato em Atos 16, onde um espírito de adivinhação concede a uma escrava a capacidade de conhecer coisas para além de seu aprendizado. No episódio do endemoniado dos gadarenos, a pessoa possuída apresentava força sobre-humana, autolesionava-se, andava nu e vivia entre os túmulos. Da mesma forma, o rei Saul, após se rebelar contra o Senhor, foi atormentado por um espírito maligno que o deixava melancólico e o impulsionava a querer matar Davi, o próximo ungido de Deus para reinar em Israel.

Em segundo lugar, devemos nos confortar com o fato de que é impossível um cristão ser possuído por um demônio. O crente é habitado pelo Espírito Santo, que passa a residir em seu coração ao entregar sua vida a Cristo. Considerando que a palavra “maligno” usada para descrever o demônio quer dizer “impuro” no grego, o Espírito Santo não pode compartilhar Sua morada com tal criatura. Para aqueles que não possuem o Espírito Santo, por outro lado, nenhuma quantidade de “purificação” de suas vidas impedirá a influência ou a possessão demoníaca. Na parábola contada por Jesus em Mateus 12, quando um espírito imundo sai de um homem, ele vagueia por lugares áridos em busca de repouso e, ao retornar a uma casa vazia, encontra o local limpo e arrumado, mas acaba levando consigo outros sete espíritos ainda piores, tornando a situação do homem pior do que antes. Jesus ensina que somos incapazes de ordenar nossos próprios corações, pois estes são “enganosos acima de tudo e desesperadamente iníquos”. Apenas Deus pode regenerar e criar um novo coração, transformando-nos em novas criaturas em Cristo.

Embora os cristãos não possam ser possuídos, eles podem ser influenciados pelo inimigo, como ilustra o caso do apóstolo Pedro. Essa influência é mais provável quando nossa caminhada na fé ainda não está madura e quando não estamos suficientemente engajados nas disciplinas espirituais do estudo regular da Palavra e da oração.

Por fim, é importante alertar que desenvolver uma fascinação malsana pelo oculto e pela atividade demoníaca é altamente desaconselhável. Ao buscarmos a Deus, nos revestindo de Sua armadura e confiando na Sua força – e não na nossa – não temos o que temer dos poderes do mal, pois Deus reina soberano sobre tudo. Em Cristo, temos a garantia de que “Aquele que está em vocês é maior do que aquele que está no mundo”.

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