Como Noé acomodou todos os animais na Arca?
Como Noé conseguiu colocar todos aqueles animais na arca? Será que a arca era grande o bastante para abrigar “dois de cada espécie… de aves segundo a sua espécie, e de animais segundo a sua espécie, de cada réptil da terra, segundo a sua espécie”, além de sete exemplares de alguns tipos? E quanto à comida? Era necessário haver espaço suficiente para armazenar alimentos que durassem pelo menos um ano para Noé, sua família (8 pessoas no total) e todos os animais, dependendo de quanto tempo levasse para a vegetação se regenerar. Isso representa uma quantidade enorme de alimento! E quanto à água potável? É realista acreditar que a embarcação de Noé tivesse capacidade para armazenar todos esses animais, assim como toda essa comida e água por mais de um ano?
As medidas da arca, conforme estabelecido em Gênesis, são de 300 côvados de comprimento, 50 côvados de largura e 30 côvados de altura. Mas o que é um côvado? Trata-se de uma unidade de medida antiga, equivalente ao comprimento do antebraço, do cotovelo até o dedo mais longo (o termo “côvado” vem do latim cubitum, que significa “cotovelo”. Em hebraico, a palavra para “côvado” é “ammah”). Embora os braços de cada pessoa tenham comprimentos diferentes, os estudiosos geralmente o situam entre 43 e 56 centímetros. Sabe-se que o côvado egípcio aproximado era de 55,6 centímetros. Assim, fazendo as contas:
- 300 x 56 cm = 16.800 cm
- 50 x 56 cm = 2.800 cm
- 30 x 56 cm = 1.680 cm
Convertendo para pés (considerando aproximadamente 30,48 cm por pé):
- 16.800 cm ≈ 550 pés
- 2.800 cm ≈ 91,7 pés
- 1.680 cm ≈ 55 pés
Portanto, a arca poderia ter até 550 pés de comprimento, 91,7 pés de largura e 55 pés de altura. Essas dimensões não parecem exageradas. Mas qual seria o volume de armazenamento? Multiplicando os três valores temos: 550 x 91,7 x 55 ≈ 2.773.925 pés cúbicos. (Se adotarmos o côvado menor, com 43 cm, chegaríamos a aproximadamente 1.278.825 pés cúbicos.) Claro que nem todo esse espaço seria livre, pois a arca possuía três níveis e várias divisões internas, cujas paredes ocupavam parte desse volume. Ainda assim, foi calculado que pouco mais da metade (54,75%) dos 2.773.925 pés cúbicos poderia ser utilizada para abrigar 125.000 animais do tamanho de uma ovelha, sobrando mais de 1,5 milhão de pés cúbicos para espaço livre.
John Woodmorappe, autor do estudo Noah’s Ark: A Feasibility Study, estimou que apenas cerca de 15% dos animais na arca eram maiores que uma ovelha. Essa estimativa não leva em consideração a possibilidade de Deus ter enviado Noé animais “bebês”, que eram significativamente menores que os adultos.
Mas quantos animais estavam na arca? Woodmorappe estima que havia 8.000 “tipos” de animais. O que seria um “tipo”? Essa designação é considerada muito mais abrangente do que a definição de “espécie”. Da mesma forma que existem mais de 400 raças de cães pertencentes a uma mesma espécie (Canis familiaris), diversos animais de espécies diferentes podem pertencer a um mesmo “tipo”. Alguns sugerem que o termo “gênero” pode ser próximo do conceito bíblico de “tipo”.
No entanto, mesmo que presumamos que “tipo” seja sinônimo de “espécie”, “não há muitas espécies de mamíferos, aves, anfíbios e répteis. O renomado biólogo sistemático Ernst Mayr estima o número em 17.600. Considerando dois exemplares de cada espécie na arca, além de sete exemplares de alguns dos poucos tipos considerados ‘limpos’, e um acréscimo razoável para espécies já extintas, fica claro que não poderiam ter sido mais do que, digamos, 50.000 animais a bordo” (Morris, 1987).
Alguns estimam que poderiam ter sido representados até 25.000 tipos de animais na arca. Essa é uma estimativa no extremo superior. Com dois exemplares de cada tipo e sete de alguns, o número de animais ultrapassaria 50.000, embora não em uma proporção tão expressiva. De qualquer forma, seja 16.000 ou 25.000 tipos de animais, mesmo com duas ou sete exemplares de alguns, os estudiosos concordam que havia espaço mais que suficiente para todos os animais na arca, além dos alimentos e da água com margem para sobra.
E quanto a todo o excremento produzido por esses animais? Como 8 pessoas conseguiram alimentar todos esses animais e lidar diariamente com toneladas de resíduos? E os animais com dietas específicas? Como a vegetação sobreviveu? E os insetos? São muitas as perguntas que podem surgir, e todas elas são pertinentes. Para muitos, essas questões parecem sem resposta, mas elas não são novidades. Ao longo dos séculos, pesquisadores têm buscado respostas. Atualmente, diversos estudos de viabilidade, de caráter bastante acadêmico, colocaram Noé e sua arca à prova.
Com mais de 1.200 referências acadêmicas, o livro de Woodmorappe é considerado “uma avaliação sistemática moderna das supostas dificuldades em torno da Arca de Noé”. Woodmorappe afirma que, após anos examinando de forma sistemática todas as questões levantadas, “todos os argumentos contra a Arca acabam se revelando fracos. De fato, a grande maioria dos argumentos contra a Arca, inicialmente superficiais, se mostram facilmente refutáveis.”
