Jesus transformou a água em vinho ou em suco de uva?

Pergunta

Jesus transformou a água em vinho ou em suco de uva?

Resposta

O capítulo 2 de João relata que Jesus realizou um milagre em um casamento em Cana da Galileia. Durante a festa, os anfitriões ficaram sem vinho. A mãe de Jesus, Maria, pediu que Ele interviesse, e Jesus o fez, de maneira relutante. Ele mandou que os serventes trouxessem seis jarros cheios de água e os orientou a entregá-los ao encarregado da celebração. Milagrosamente, a água se transformou em vinho, e o encarregado declarou que aquele era o melhor vinho que já havia provado.

Nesse relato, Jesus realizou um milagre extraordinário, alterando a composição molecular da água e transformando-a em vinho. O objetivo do relato está resumido em João 2:11: “E assim manifestou sua glória, e seus discípulos creram nele.” No entanto, ao se estudar essa passagem, muitas vezes uma questão secundária se torna o foco principal: Jesus transformou a água em vinho (fermentado, alcoólico) ou em suco de uva (não alcoólico)?

Ao longo do relato, a palavra grega traduzida como “vinho” é oinos, termo comum para designar o vinho normal, ou seja, o vinho fermentado e alcoólico. Essa mesma palavra é utilizada tanto para o vinho que acabou na festa de casamento quanto para o vinho que Jesus criou. Ela também aparece em Efésios 5:18, que diz: “… não se embriaguem com vinho…”. Evidentemente, embriagar-se com vinho pressupõe a presença de álcool. Tanto o contexto de uma festa de casamento quanto o uso de oinos na literatura grega do primeiro século – no Novo Testamento e em outros textos – indicam que o vinho criado por Jesus era um vinho normal e comum, contendo álcool. Não há nenhuma razão histórica, cultural, exegética, contextual ou lexical que justifique interpretá-lo como suco de uva.

Aqueles que se opõem ao consumo de álcool, em qualquer quantidade, argumentam que Jesus não teria transformado a água em vinho, pois estaria promovendo o uso de uma substância contaminada pelo pecado. Segundo essa visão, o álcool seria inerentemente pecaminoso, e seu consumo, em qualquer medida, seria pecado. No entanto, essa não é a compreensão bíblica. Algumas Escrituras tratam o álcool de forma positiva. Eclesiastes 9:7 orienta: “Beba o teu vinho com um coração alegre”. O Salmo 104:14‑15 afirma que Deus concede o vinho “que alegra o coração dos homens”. Amós 9:14 fala sobre beber o vinho da própria vinha como sinal da bênção de Deus, e Isaías 55:1 convida: “Sim, venha, compre vinho e leite…”. Dessa forma, fica claro que o álcool em si não é inerentemente pecaminoso; o que é pecado é o abuso do álcool, a embriaguez e/ou o vício (como indicado em Efésios 5:18; Provérbios 23:29‑35; 1 Coríntios 6:12; 2 Pedro 2:19). Portanto, não seria pecado que Jesus criasse uma bebida que continha álcool.

Um segundo argumento, relacionado, é que, ao criar vinho alcoólico, Jesus estaria promovendo a embriaguez, algo que a Bíblia condena. Mas essa argumentação não se sustenta. Jesus não estava incentivando a gula quando multiplicou os peixes e os pães muito além do necessário para as pessoas. Criar uma substância que pode ser abusada não torna alguém responsável quando outra pessoa escolhe, de maneira imprudente, abusá-la. Assim, o fato de Jesus ter transformado a água em vinho alcoólico não encorajava de forma alguma a embriaguez.

A crença de que Jesus criou vinho alcoólico está definitivamente mais de acordo com o contexto e com o uso do termo oinos. Os principais argumentos para interpretá-lo como suco de uva – de que o álcool seria inerentemente pecaminoso ou que a criação do álcool incentivaria a embriaguez – não têm base bíblica. Não há nenhuma razão sólida nas Escrituras para interpretar João 2 de outra forma senão como o relato de um milagre extraordinário, em que Jesus transformou água em vinho verdadeiro.

A embriaguez é pecado? Absolutamente!
O vício é pecado? Com certeza!
Transformar água em vinho alcoólico de alguma forma violaria os padrões de Deus quanto ao consumo de álcool? De maneira nenhuma!

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