O que é o Evangelho de Filipe?
Semelhante ao Evangelho de Tomé, o Evangelho de Filipe é uma coleção de ditos, supostamente atribuídos a Jesus. Este evangelho enfatiza o “sacramento do matrimônio” como um “mistério sagrado”. O texto não afirma ter sido escrito pelo discípulo de Jesus, Filipe; ele é intitulado “o evangelho segundo Filipe” porque Filipe é o único discípulo mencionado nele (73:8).
O manuscrito mais completo do Evangelho de Filipe foi descoberto na biblioteca de Nag Hammadi, no Egito, em 1945. Escrito em copta e datado aproximadamente do século IV d.C., esse evangelho possui uma perspectiva gnóstica, apresentando uma visão alternativa sobre Jesus e seus ensinamentos. Embora haja alguns versículos que lembram os quatro evangelhos bíblicos, uma leitura integral revela diferenças irreconciliáveis e uma mensagem completamente distinta sobre quem foi Jesus e qual a sua missão.
O aspecto que mais desperta interesse no Evangelho de Filipe é o que ele diz acerca do relacionamento de Jesus com Maria Madalena. No popular livro O Código Da Vinci, Dan Brown aponta esse evangelho como evidência de um possível casamento ou relacionamento entre Jesus e Maria Madalena. No entanto, o texto não afirma que Jesus tenha se casado com Maria Madalena, nem sugere qualquer envolvimento romântico. A única seção que aborda essa questão está extremamente danificada, com partes ilegíveis, apresentando a seguinte passagem, onde “…” indica trechos faltantes: “e o companheiro da … Maria Madalena … mais do que … os discípulos … beija-a … em seu … o resto dos discípulos … eles lhe perguntaram … por que a amas mais do que a todos nós?” Mesmo assumindo que Jesus estivesse apenas beijando Maria Madalena, o ato, na cultura da época, seria interpretado como um gesto de amizade, e não de romance.
De qualquer forma, ainda que o Evangelho de Filipe afirmasse explicitamente que Jesus foi casado com Maria Madalena, isso não confirmaria a veracidade da ideia. O evangelho não foi escrito pelo apóstolo Filipe, nem por alguém que tenha conhecido Jesus diretamente. A redação original data, no mínimo, do século III d.C., ou seja, cerca de 200 anos após a morte de Jesus. O principal valor de seu estudo reside na compreensão das heresias que proliferavam nos primeiros séculos da Igreja Cristã.






