O que é segurança condicional?

“Segurança condicional” – O que significa?

“Segurança condicional” é um termo teológico utilizado para se referir à salvação dos crentes em Jesus Cristo, destacando a natureza supostamente provisória dessa salvação. Em outras palavras, a salvação de um cristão é “condicionalmente segura”. Isso levanta a pergunta: sob qual condição a salvação do crente estaria assegurada? Os defensores da segurança condicional afirmam que a salvação depende de permanecer fiel até o fim. Usando uma analogia bíblica, é como se o atleta precisasse completar a corrida para receber o prêmio.

Para sustentar essa visão, os que aderem à doutrina da segurança condicional apontam para passagens bíblicas que utilizam linguagem condicional – por exemplo, “se perseverardes, sereis salvos”. Tais passagens enfatizam que, para garantir a segurança da nossa salvação, o crente deve:

  • Perseverar até o fim;
  • Viver pelo Espírito;
  • Permanecer firme na palavra pregada; e
  • Semear para o Espírito.

Não se trata de uma carência no dom da salvação, mas sim de um apelo para que o crente se esforce verdadeiramente para manter sua fidelidade. Como Paulo exorta: “operai a vossa salvação com temor e tremor”.

A segurança condicional versus a segurança eterna

Embora a interpretação da segurança condicional pareça incontestável à primeira vista – pois muitos versículos enfatizam a necessidade de permanecer firme até o fim –, existe outra vertente teológica. Esse é o debate antigo entre os arminianos, que defendem a segurança condicional, e os calvinistas, que sustentam a segurança “eterna” ou a Perseverança dos Santos.

Por exemplo, os calvinistas citam passagens que afirmam a segurança eterna do verdadeiro seguidor de Cristo, ressaltando que a salvação não depende do esforço individual, mas da graça preservadora de Deus. Enquanto os defensores da segurança condicional enfatizam a capacidade do crente de permanecer fiel, os que acreditam na segurança eterna apontam que nossa salvação é garantida pela graça soberana de Deus.

As Doutrinas da Graça e a perseverança

Para compreender se a salvação do crente é condicional ou eterna, é necessário considerar as Doutrinas da Graça, também conhecidas como os cinco pontos do Calvinismo ou o acrônimo TULIP. Resumidamente, as Doutrinas da Graça ensinam:

  • Depravação Total: Por causa do pecado original, o homem nasce completamente corrompido, sendo incapaz de fazer algo que agrade a Deus ou de buscar por Ele.
  • Eleição Incondicional: Diante da depravação humana, é necessário que Deus intervenha para assegurar a salvação do crente, escolhendo-o sem qualquer mérito próprio.
  • Expiação Limitada: Para que os eleitos recebam a salvação, é necessária a expiação que satisfaça o justo juízo de Deus contra o pecado, realizada por meio do sacrifício de Seu Filho, Jesus Cristo.
  • Graça Irresistível: Deus aplica os méritos dessa salvação de forma eficaz, atraindo os eleitos para Si por meio do poder regenerador do Espírito Santo, geralmente por meio da proclamação do evangelho.
  • Perseverança dos Santos: A salvação operada por Deus se manifesta até o fim, pois Ele preserva e santifica os eleitos até o seu último momento.

A perseverança dos santos não é uma doutrina isolada, mas repousa logicamente sobre os quatro pontos anteriores. Se aceitarmos a realidade da depravação total – que demonstra a incapacidade do homem de buscar a Deus por si mesmo –, os demais pontos seguem naturalmente. A Bíblia ensina inequivocamente que, por si só, o homem não é capaz de se voltar para Deus.

Contribuição humana e o argumento contra a segurança condicional

Críticos do Calvinismo e das Doutrinas da Graça argumentam que se a salvação é assegurada de forma eterna por Deus, a santidade e a piedade acabam sendo negligenciadas. Em outras palavras, se a salvação não pode ser perdida, o crente teria licença para pecar livremente, utilizando a fé em Cristo como um “passe livre” para escapar do juízo.

No entanto, atende-se nas Escrituras que o pecado não é compatível com a nova vida em Cristo. Longe de encorajar uma licença para o pecado, as Doutrinas da Graça promovem uma vida de piedade e devoção. Os puritanos, famosos por sua rigorosa piedade, eram em sua maioria calvinistas. A vida piedosa, sob essa perspectiva, é a resposta de gratidão do crente à graça extraordinária de Deus, que O amou o bastante para salvá-lo de seu pecado e miséria.

Reconciliação entre as passagens

Como então conciliar as passagens que parecem defender a necessidade de perseverar com aquelas que garantem a preservação do crente por Deus? A resposta é que perseveramos porque Deus nos preserva. Se a salvação é um dom gratuito da graça divina, sem qualquer contribuição humana, como poderíamos perdê-la? A segurança condicional pressupõe que o crente de alguma forma contribuiu para a sua salvação – o que contrasta com passagens que afirmam que nada fazemos para merecer a graça e que mesmo a fé é um dom de Deus.

Do ponto de vista arminiano, haveria motivo para o crente se vangloriar caso conseguisse permanecer fiel por sua própria cooperação com o Espírito. Contudo, nas Escrituras, toda a exaltação deve ser direcionada ao Senhor.

Portanto, a doutrina da segurança condicional não se sustenta biblicamente, pois as Escrituras deixam claro que perseveramos na fé porque Deus nos conserva.

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