O que foram as Idades das Trevas?

O que foram as Idades das Trevas?

A “Idade das Trevas” é geralmente considerada a parte inicial do período conhecido como Idade Média. Frequentemente, o termo se refere aos quinhentos anos que se seguiram à queda de Roma, em 476 d.C., sendo considerado que esse período teve início por volta de 450 d.C. e se estendeu até 1000 d.C. Durante esse tempo, Roma e outras cidades se deterioraram em razão das invasões de bárbaros provenientes do norte e do centro da Europa. Sem uma autoridade imperial capaz de proteger os cidadãos, a população urbana sofreu um declínio acentuado.

Outra consequência da ausência de um poder central forte foi o desenvolvimento do sistema feudal, especialmente entre 900 e 1150 d.C. Durante esse período feudal, a maioria das paróquias abrigava populações predominantemente rurais, e as cidades tendiam a ser menores e menos numerosas. Castelos e cidades muradas eram protegidos pelos exércitos dos senhores feudais, o que garantia segurança aos camponeses e moradores contra os invasores. Como resultado desse sistema, as estruturas eclesiásticas passaram por um declínio, devido às pressões e ao controle exercido sobre elas.

Foi nesse contexto que surgiu um novo movimento religioso: o monasticismo. Após o estabelecimento da Ordem Beneditina no Monte Cassino, em 529 d.C., o monasticismo se espalhou rapidamente pela igreja medieval, e os mosteiros passaram a desempenhar funções fundamentais, substituindo a antiga igreja primitiva e funcionando como elo entre a cidade clássica e a medieval. Essa retirada da igreja dos centros urbanos para os mosteiros fez com que ela se voltasse mais para o seu interior do que para o mundo exterior.

Embora, às vezes, a igreja seja responsabilizada pela escuridão espiritual atribuída a esse período, ela, de muitas maneiras, representou a única luz – por mais tênue que fosse – em meio ao barbarismo e ao paganismo que dominavam a época. Durante esse tempo, foram os padres e os monges que, a partir das ruínas do Império Romano, resgataram e preservaram os tesouros da literatura clássica, as Sagradas Escrituras e os escritos patrísticos para o futuro. Mesmo que a luz emanada muitas vezes viesse da tradição eclesiástica e nem sempre fosse tão clara quanto a da Palavra de Deus, ela manteve acesa a chama da esperança durante aqueles dias sombrios, até que a Reforma trouxe de volta a plena luz de Cristo. Assim, mesmo em tempos de profunda escuridão espiritual, Cristo teve Seus testemunhos presentes em todas as épocas e lugares.

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