Quem foi Rute na Bíblia?
Rute pertencia “às mulheres de Moabe”, mas estava geneticamente ligada a Israel por meio de Ló, sobrinho de Abraão. Ela viveu na época dos juízes. Casou-se com o filho de uma família israelita enquanto viviam em Moabe, mas, em determinado momento, seu sogro, seu marido e o único irmão deste faleceram. Assim, Rute precisou decidir se ficaria em Moabe, a sua terra natal, ou se partiria com sua sogra, Noemi, para uma terra que jamais conhecera – Judá.
Rute amava sua sogra e demonstrava grande compaixão por ela, reconhecendo que Noemi havia perdido não só o marido, mas também os dois filhos. Sua cunhada, Orfa, optou por permanecer com o seu povo em Moabe, mas Rute não suportava a ideia de se separar de Noemi nem do Deus de Israel, que havia passado a conhecer. Juntas, Rute e Noemi retornaram para Judá, estabelecendo-se na cidade de Belém. A fidelidade de Rute logo se espalhou, e Boaz, dono de um campo próximo, tomou conhecimento de sua conduta exemplar.
Conforme o costume em Israel, cabia a um parente assumir o papel de redentor, ou seja, casar-se com a viúva do irmão falecido para perpetuar o nome da família. Como o único irmão do marido de Rute também havia morrido, Noemi e Rute ficaram desamparadas. Para conseguir sustento, Rute saía diariamente aos campos para recolher os grãos esquecidos durante a colheita. Durante esse período, ela encontrou emprego no campo de Boaz, sem saber que ele era parente de Noemi.
Quando Boaz soube da presença de Rute em seu campo, ele demonstrou preocupação e tratou-a com cuidado e respeito. Perguntou ao responsável pela colheita sobre ela, e o servo informou a Boaz sobre a lealdade e o trabalho árduo que Rute dedicava a Noemi. Assim, Boaz orientou Rute a permanecer próxima às outras mulheres, garantindo que os jovens não a incomodassem e permitindo que ela se servisse livremente da água que fosse oferecida.
Ao saber onde Rute havia recolhido os grãos, Noemi ficou satisfeita e revelou que Boaz era um parente próximo, da família de Elimeleque, seu falecido marido. Dessa forma, Boaz possuía a autorização para ser o redentor, o que lhe cabia segundo as tradições daquela época, garantindo a continuidade da linhagem familiar.
Durante a colheita da cevada, Noemi aconselhou Rute a buscar Boaz enquanto ele realizava a separação dos grãos, a fim de que ela, com humildade e determinação, expressasse o desejo de que Boaz assumisse o papel de redentor. Rute seguiu exatamente as orientações de sua sogra, e Boaz reagiu de maneira favorável. Contudo, ele sabia que havia um parente mais próximo que teria prioridade para redimi-la e, por isso, necessitou consultar esse parente, que prontamente renunciou a todos os seus direitos sobre a propriedade de Noemi e Rute.
Após esse episódio, Rute e Boaz casaram-se e tiveram um filho, Obede. Em meio à alegria do povo, era visível a fidelidade de Deus, que mostrava que naquele dia ninguém estava desamparado, renovando e sustentando a vida de Noemi. A união de Rute e Boaz resultou, ainda, em uma linhagem abençoada: de Obede surgiu Jessé e, posteriormente, Davi, rei de Israel. Além dessas bênçãos, Deus concedeu a Rute o privilégio de fazer parte da genealogia de Jesus.
A história de Rute é um exemplo de como Deus pode transformar uma vida e direcioná-la segundo o Seu plano. Apesar de ter vindo de um contexto pagão em Moabe, ao conhecer o Deus de Israel, Rute tornou-se um testemunho vivo da fé. Mesmo vivendo em condições humildes antes de se casar com Boaz, ela creu na fidelidade de Deus para cuidar do Seu povo. Sua trajetória é também um incentivo a que a perseverança e a dedicação sejam sempre recompensadas, conforme nos ensina a Escritura.






