Quem foi Isaque na Bíblia?

Quem foi Isaque na Bíblia?

O nome Isaque, que significa “ele ri”, foi inspirado na reação de seus pais quando Deus disse a Abraão que, mesmo com 100 anos, ele e sua esposa Sara, de 90 anos, teriam um filho. Isaque foi o segundo filho de Abraão; o primeiro, Ismael, nasceu através da serva de Sara, Agar, resultado da impaciência de Sara em lhe proporcionar uma família. Assim que Isaque foi desmamado, Sara insistiu para que Abraão enviasse Agar e seu filho embora, garantindo que a herança familiar seria destinada somente a Isaque.

Anos mais tarde, o pai de Isaque o levou até uma montanha, onde Abraão, obedecendo a Deus, se preparava para sacrificá-lo. Abraão, seu filho e dois de seus servos partiram numa viagem de três dias até o Monte Moriá. Deixando os servos para trás, Abraão e Isaque subiram carregando a lenha, a faca e os utensílios necessários para o fogo, afirmando que iriam adorar e depois retornar. Curioso, Isaque perguntou sobre o local do cordeiro para o sacrifício, e Abraão afirmou que o próprio Deus providenciaria o cordeiro. Ao construir o altar, Abraão amarrou Isaque para que este ficasse sobre ele. A narrativa da Bíblia não indica qualquer resistência por parte de Isaque; quando Abraão estava prestes a realizar o sacrifício, um anjo o impediu, e ele então encontrou um carneiro preso num arbusto, que foi oferecido em lugar de Isaque. Essa história contém uma analogia interessante em que a provisão do Cordeiro prefigura a entrega do Filho de Deus, Jesus, como sacrifício para a humanidade.

Sara faleceu quando Isaque já estava com cerca de trinta anos. Após sua morte, Abraão enviou um de seus servos para encontrar uma esposa para Isaque entre seus parentes, determinado a que seu filho não tivesse uma mulher cananeia. O servo orou pedindo sucesso nessa missão, e Deus guiou sua busca. Aos quarenta anos, Isaque casou-se com sua prima Rebeca, a quem amava e que o confortou após a perda de sua mãe.

Quando tinha sessenta anos, Isaque se tornou pai de gêmeos – Esaú e Jacó. Embora Isaque preferisse o filho mais velho, Esaú, a predileção de Rebeca recaiu sobre Jacó. Esse favoritismo gerou uma profunda rivalidade familiar, culminando numa situação em que Jacó, o caçula, passou a receber a herança e a bênção que, conforme a tradição aceita, pertenceriam a Esaú, o primogênito. Mesmo tendo se dado conta da situação, Isaque não conseguiu anular a bênção outorgada a Jacó. Consciente dos planos de Esaú de prejudicar Jacó após sua morte, Rebeca convenceu Isaque a enviar Jacó para a casa de seu irmão Labão, para que encontrasse uma esposa entre seus parentes. Antes de sua partida, Isaque abençoou Jacó, orando para que Deus concedesse a ele a mesma bênção prometida a Abraão.

Abraão faleceu quando Isaque estava por volta dos setenta e cinco anos, deixando-lhe toda a sua herança. Apesar de Ismael ter sido enviado embora logo após o desmame de Isaque, ambos, Isaque e Ismael, sepultaram Abraão. Embora a Bíblia não detalhe especificamente a relação entre os dois, ao longo da história os descendentes de Ismael e de Isaque tiveram conflitos, embora seja interessante notar que ambos se uniram em seu luto pelo pai em comum.

Durante um período de fome na terra, Deus apareceu a Isaque e o instruiu a não ir ao Egito, mas a permanecer na terra onde habitava. Deus prometeu estar com Isaque, abençoá-lo e transmitir a terra para seus descendentes. Ele reafirmou o pacto estabelecido com Abraão, garantindo que os descendentes seriam tão numerosos quanto as estrelas e que todas as nações seriam abençoadas através deles.

Isaque permaneceu na terra de Canaã, mas, assim como seu pai havia feito antes de seu nascimento, por temor, apresentou Rebeca como sua irmã, e não como esposa. Contudo, assim como Deus protegeu Sara, também protegeu Rebeca. Deus abençoou Isaque com colheitas abundantes e riquezas, de forma que os filisteus chegaram a sentir inveja e a obstruir os poços que Abraão havia cavado. Pressionado pelo rei filisteu, Isaque mudou de local, cavando novos poços toda vez que seus inimigos conturbavam a disputa pela água. O rei filisteu, ao reconhecer que Isaque era abençoado por Deus, firmou um tratado de paz com ele.

Isaque faleceu aos 180 anos e foi sepultado por ambos os seus filhos. Deus confirmou o pacto com o filho de Isaque, Jacó, a quem renomeou Israel.

Embora a história de Isaque seja narrada sem grandes ensinamentos aplicáveis diretamente às nossas vidas, podemos enxergar nele um coração rendido à vontade de Deus. Ele demonstrou obediência tanto aos ensinamentos de Abraão e Sara quanto à orientação divina, permanecendo na terra mesmo diante da fome e dos ataques inimigos. Ao descobrir o engano perpetrado por seu filho Jacó, Isaque aceitou e se submeteu àquilo que reconhecia como a vontade de Deus, mesmo que isso fosse contrário à tradição vigente na época. Assim como Isaque vivenciou, nós também devemos nos lembrar de que os caminhos de Deus e Seus pensamentos são diferentes dos nossos.

A história de Isaque também evidencia a fidelidade de Deus às Suas promessas – o pacto feito com Abraão seria mantido com Isaque e, posteriormente, com seu filho Jacó. Embora não haja grandes feitos atribuídos à sua vida, foi através de Isaque que Deus decidiu dar continuidade à linhagem do pacto, a mesma que originaria o Messias, Jesus. Por gerações, o povo judeu proclamou seu Deus como o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, posição que também é reafirmada em diversas passagens bíblicas. Isaque, juntamente com os demais patriarcas, possui um lugar privilegiado no reino de Deus, honra que poucos podem almejar.

Deixe um comentário