Alguma vez é certo mentir?

Pergunta

A Bíblia em nenhum lugar apresenta um caso em que mentir seja considerado a coisa certa a se fazer. O nono mandamento proíbe o falso testemunho, enquanto passagens do Antigo e do Novo Testamento condenam a mentira, enfatizando que o amor se alegra com a verdade. Diversos relatos, como o engano praticado por Jacó e o caso de Ananias e Safira, ilustram que a falsidade conduz à miséria, à perda e ao juízo de Deus.

Há pelo menos dois exemplos em que uma mentira provocou um resultado favorável. Um deles é o relato das parteiras hebraicas, cuja falsidade ao responder ao faraó acabou resultando na bênção do Senhor e, provavelmente, salvou muitas vidas de bebês hebreus. Outro exemplo é o de Raabe, que mentiu para proteger os espiões israelitas. É importante notar, entretanto, que Deus nunca aprova essas mentiras. Apesar do desfecho positivo, a Bíblia não elogia as mentiras em si, tampouco afirma que haja situações em que mentir seja a escolha correta.

A questão, portanto, permanece: existe algum momento em que mentir seja a coisa certa a se fazer? Um dos exemplos mais conhecidos desse dilema vem da vida de Corrie ten Boom, que escondeu judeus em sua casa durante a ocupação nazista na Holanda. Ao ser questionada pelos soldados nazistas sobre o paradeiro daqueles que se refugiavam em sua residência, ela teve de escolher entre dizer a verdade — permitindo que os nazistas capturassem as pessoas que ela tanto se esforçava para proteger — ou mentir para salvaguardar suas vidas.

Em momentos como esse, em que a mentira pode representar a única maneira de impedir um mal terrível, pode parecer justificável optar pelo menor dos males para evitar um maior. Essa situação assemelha-se aos casos das parteiras hebraicas e de Raabe. Ainda assim, tais exceções são extremamente raras e, mesmo nesses contextos, a mentira continua sendo um pecado, por violar o caráter do Deus da verdade. Na maioria das situações, as mentiras surgem do desejo de autoproteção, autopromoção ou de prejudicar terceiros, razão pela qual a Bíblia condena a falsidade de forma clara, firme e consistente.

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