Claro que as igrejas devem ser acolhedoras com os que buscam. Devemos ser amigáveis aos buscadores, independentemente do local. Contudo, ser acolhedor e, até mesmo, dar as boas-vindas aos buscadores não resume o que o movimento de igrejas “amigáveis aos buscadores” propõe. Muitos líderes evangélicos, atualmente, redesenharam tanto as edificações quanto os serviços de suas igrejas na tentativa de atrair mais pessoas. Essa é, resumidamente, a essência de uma igreja “amigável aos buscadores”: oferecer atrativos mundanos para chamar a atenção das multidões. Os defensores desse modelo afirmam estar fazendo o que for necessário para “alcançar os perdidos”. O problema dessa lógica é que os “perdidos” não estão, de fato, em busca de Deus. A Bíblia ensina que “ninguém busca a Deus” (Romanos 3:11), o que significa que não existe um descrente que, por si mesmo, esteja verdadeiramente procurando a Deus. Além disso, o homem está morto em seu pecado (Efésios 2:1) e, por isso, não consegue buscá-Lo, pois não reconhece sua necessidade por Ele.
No entanto, há muitas pessoas em busca de entretenimento e da garantia de que Deus as ama, apesar de seus pecados e estilos de vida contrários aos ensinamentos divinos. Inúmeros indivíduos procuram uma forma de religião e, se o objetivo das igrejas “amigáveis aos buscadores” é justamente preencher os bancos com essas pessoas, a estratégia parece estar funcionando. O crescimento em muitos desses estabelecimentos é realmente surpreendente. Algumas das maiores congregações reúnem dezenas de milhares de participantes somente nos serviços de fim de semana. Com orçamentos anuais que alcançam cifras na casa dos milhões, muitas dessas estruturas se assemelham mais a grandes escritórios corporativos do que a uma igreja. Por isso, dificilmente se encontra vitrais, enquanto há espaços similares a cafeterias, lojas de presentes, livrarias e até quadras de esportes – algumas até contam com piscinas e pistas de boliche. Para os líderes dessas igrejas, a Grande Comissão acabara se transformando num esquema de marketing, utilizando pesquisas para identificar quais atrativos seriam necessários para “atrair” as pessoas, satisfazendo seus desejos ao oferecer o que elas querem.
Outro problema do movimento “amigável aos buscadores” é que, na ânsia de agradar a todos, essas igrejas relegaram Deus e Sua Palavra a um papel secundário, com o intuito de não ofender ninguém com a verdade. Grandes doutrinas da fé foram rotuladas de “divisivas” e deixaram de lado. Infelizmente, muitas dessas igrejas estão prosperando justamente por terem transformado o evangelho num “produto” que o público está disposto a aceitar. Em última análise, essas igrejas colocam o foco no homem e não em Deus, que é o centro de todas as coisas. A Palavra de Deus, entretanto, não pode ser reconfigurada para se adaptar às necessidades de uma cultura centrada no consumo. Deus jamais desejou que Sua Igreja fosse aconchegante e confortável, pois nada há de confortável na verdade – verdade essa que é descrita como “mais afiada que qualquer espada de dois gumes, penetrando até a divisão da alma e do espírito, das juntas e medula, e discernindo os pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4:12).
A mensagem repassada àqueles que frequentam essas igrejas é frequentemente a de que a vida cristã é feita de facilidade, conforto e ausência de conflitos. Contudo, essa não é, de forma alguma, a vida que os seguidores de Cristo devem esperar. Jesus nos advertiu que “neste mundo tereis aflições” (João 16:33) e que seríamos perseguidos (Mateus 5:11–12; Mateus 10:23; Mateus 13:21; Marcos 10:30; João 15:20), e até mesmo odiados (João 15:18) por segui-Lo. Quando Jesus afirmou que “quem não toma a sua cruz e me segue, não é digno de mim” (Mateus 10:38; Marcos 8:34; Lucas 9:23), Ele quis dizer que é necessário estar disposto a entregar a própria vida para segui-Lo. Basta lembrar do que sofreu o apóstolo Paulo por pregar a verdade de Cristo: foi açoitado, espancado, apedrejado, preso e várias vezes expulso do país! Mesmo assim, esse dedicado servo afirmou: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2 Coríntios 4:8–9). Ele também nos ensinou a “prosseguir para o objetivo, a fim de ganhar o prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).
O apóstolo Paulo já havia previsto que chegaria o tempo em que os homens não tolerariam doutrinas sólidas (2 Timóteo 4:3). Porém, considerando que mais de 70% dos adultos com menos de 25 anos acreditam que todas as crenças são igualmente válidas, é justamente doutrina firme que precisamos. É a Palavra de Deus que semeia a base para o novo nascimento (1 Pedro 1:23) e deve ser ensinada “para instrução, repreensão, correção e treinamento na justiça, a fim de que o homem de Deus seja apto e plenamente equipado para toda boa obra” (2 Timóteo 3:16–17) e para levar a mensagem verdadeira ao mundo (Mateus 28:19–20).






