O conceito católico de freira é bíblico?

O conceito católico de freira é bíblico?

Para algumas pessoas, o hábito solene, comprido até o chão, em preto e branco, evoca pesadelos reprimidos envolvendo governantes e nós sangrando que invadem a consciência. Para outras, essas mulheres são vistas como reprimidas e vivendo em um estado bastante antinatural. Como acontece com tudo o que é um tanto misterioso, há muitas interpretações equivocadas a respeito da verdadeira história por trás das freiras católicas.

Freiras, antes de tudo, dedicam-se a uma vida de serviço e espiritualidade, distanciando-se do mundo externo. Elas são, na verdade, o equivalente feminino dos monges. A grande maioria das freiras é católica; contudo, existem diversas igrejas protestantes (especialmente a Episcopal) que possuem ordens de freiras. O termo “freira” é genérico e pode referir-se tanto às que vivem em um claustro totalmente recluso quanto às irmãs que trabalham ativamente em uma paróquia. Todas devem assumir votos de castidade, obediência e pobreza.

Freiras propriamente ditas são aquelas que fizeram votos solenes e receberam o encerramento papal. Elas jamais se aventurarão para fora e não podem receber visitantes em seus conventos, sob risco de excomunhão. Por outro lado, as irmãs fazem votos simples e se comprometem a trabalhar dentro da diocese ou em missões no exterior.

Algumas freiras podem ser puramente contemplativas, sendo consideradas “guerreiras da oração”; essas ordens são estritamente enclausuradas. Outras combinam a contemplação com obras de caridade ou missões no exterior. Existem ordens que se voltam para a educação de meninas, assim como aquelas que dedicam suas vidas ao cuidado dos enfermos, pobres, pessoas com deficiência mental e idosos.

A Catholic Encyclopedia afirma que as mulheres foram as primeiras a abraçar a vida religiosa por si só. As Escrituras citadas são 1 Timóteo 5:9 e 1 Coríntios 7. Embora essas passagens não abordem especificamente as freiras – uma vez que a primeira trata do cuidado às viúvas e a segunda é uma exortação a permanecer contente com a vida que Deus nos concedeu – talvez o melhor fundamento bíblico para a posição de freira seja encontrado em 1 Coríntios 7:34: “…a mulher solteira ou virgem cuida das coisas do Senhor: o seu desejo é estar totalmente dedicada ao Senhor, tanto de corpo quanto de espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas deste mundo, pensando em como agradar ao marido.” Existe, de fato, uma razão plausível para a ideia de que uma mulher solteira pode servir o Senhor com mais fidelidade.

Não há nada nas Escrituras que proíba explicitamente a prática das freiras. No entanto, também não há nenhuma descrição exata de prática semelhante. Assim, esse é talvez um dos casos em que se deve observar os motivos das mulheres envolvidas. Muitas sentiram um chamado de Deus para abrir mão de todas as posses mundanas (pobreza), manter a castidade (castidade) e submeter-se à autoridade da igreja (obediência). Há alguma razão para supor que esse chamado não veio do Divino? De modo geral, o inimigo não convida as pessoas a uma vida de serviço ao próximo e de oração. Sem motivo para especular o contrário, é possível que muitas freiras estejam genuinamente servindo a Deus exatamente como foram chamadas. Ao mesmo tempo, qualquer freira que acredite que o simples fato de servir como freira garante a salvação está equivocada. A salvação vem pela fé, ao receber Cristo como Salvador, e não por meio de atos de caridade, pobreza ou obediência.

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