Pergunta
O que é unção extrema / últimos ritos?
Resposta
O sacramento católico romano da unção dos enfermos, ou unção extrema, é realizado em uma pessoa gravemente enferma para proporcionar força espiritual e física, ou quando alguém está próximo da morte como preparação para o céu. O sacerdote unge o doente com óleo e ora sobre ele. Quando combinado com a confissão e a Eucaristia, é chamado de “Últimos Ritos”. Em tempos passados, esse ritual era reservado para os indivíduos extremamente enfermos e considerados próximos da morte. Hoje, a Igreja Católica Romana enfatiza que o sacramento não é destinado apenas àqueles que estão à beira da morte. Segundo a instituição, esse sacramento pode ser aplicado repetidamente ao longo do curso de uma enfermidade prolongada e deve ser realizado antes de cirurgias sérias, quando uma doença grave justifica a intervenção. Além disso, pode ser solicitado para pessoas inconscientes ou que perderam a capacidade de raciocínio, caso elas tivessem pedido enquanto estivessem em plenas condições.
A Igreja Católica Romana afirma que a base bíblica para esse sacramento se encontra na seguinte passagem: “Alguém dentre vocês está sofrendo? Então, que ore. Alguém se alegra? Então, que cante salmos. Alguém entre vocês está doente? Então, que chame os anciãos da igreja, e estes orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. E a oração de fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se ele cometeu pecados, serão perdoados. Confessem suas ofensas uns aos outros, e orem uns pelos outros, para que sejam curados. A oração eficaz e fervorosa de um homem justo é de grande poder” (Tiago 5:13-16). A instituição também remete a Marcos 6:13 (“E expulsa muitos demônios, e ungiu com óleo muitos enfermos, e os curou”) como a primeira alusão ao sacramento da unção dos enfermos. Embora a Igreja veja como responsabilidade de todo cristão cuidar dos doentes, ela enfatiza que Cristo incumbiu “Seus sacerdotes de ungir os enfermos enquanto oravam sobre eles, num gesto sacramental que expressava Seu próprio cuidado pessoal” (cf. Tiago 5:14).
A Igreja Católica Romana ensina que “os sacramentos são sinais exteriores da graça interior, instituídos por Cristo para nossa santificação” (segundo a Enciclopédia Católica). Segundo essa doutrina, embora Deus conceda graça ao homem sem símbolos exteriores, Ele também optou por manifestar essa graça por meio de sinais visíveis. Por essa razão, é considerado insensato não utilizar esse meio, provido por Deus, para obter santificação. Para que um rito seja classificado como sacramento, a Igreja estabelece três critérios:
- a) Um sinal percepível exterior que represente a graça santificante;
- b) A transmissão efetiva dessa graça santificante;
- c) Ter sido instituído por Deus ou, mais precisamente, pelo Deus-Homem, Jesus Cristo.
Assim, os sacramentos não são meros símbolos; acredita-se que eles efetivamente conferem a graça santificante sobre quem os recebe.
No entanto, ao examinar as passagens bíblicas que a Igreja Católica utiliza para validar seus sacramentos, observa-se que a crença de que eles transmitem “graça santificante” nem sempre está em harmonia com o restante do contexto bíblico. A base para essa crença repousa na ideia de que o sacerdócio da Igreja é capaz de aplicar os sacramentos para dispensar a graça santificante, mas o único sacerdócio mencionado no Novo Testamento é o dos todos os crentes (1 Pedro 2:9). Dessa forma, até mesmo essa doutrina central, necessária para o sistema sacramental católico, não encontra fundamentos sólidos nas Escrituras.
Na maioria das igrejas evangélicas, a “unção com óleo” é entendida como a simples aplicação de óleo de oliva, utilizado na antiguidade como um bálsamo para a cura. Conforme essa perspectiva, a passagem encoraja a combinação da oração com os tratamentos médicos modernos adequados para a enfermidade. Normalmente, os anciãos da congregação se reúnem para orar com o doente, que, por sua vez, pode recorrer também à medicina contemporânea. Em diversas ocasiões, em resposta à oração, Deus concede a cura. Ademais, Tiago 5:16 sugere que a doença pode, por vezes, ser consequência de uma correção divina devido ao pecado. Ao confessar e abandonar esse pecado, deixa-se de lado a necessidade da correção, e a cura é concedida. Da mesma forma, 1 Coríntios 11:30 é frequentemente citado como um exemplo em que a enfermidade atua como uma forma de disciplina divina em resposta ao pecado na vida de um cristão.
Contudo, a salvação não é determinada pela confissão de todos os pecados momentos antes da morte, nem pelo “rito da unção” em que o fiel é ungido e recebe orações de um sacerdote. A salvação é estabelecida pela fé pessoal no Senhor Jesus Cristo (João 3:16). Felizmente, Deus permite que a decisão pela fé seja tomada até o último instante da vida, mas essa escolha deve ser genuína e pessoal, recebendo a salvação pela graça mediante a fé em Jesus Cristo, e não por meio da observância de um ritual final, que, por si só, não tem influência sobre a salvação ou o destino eterno do indivíduo.