Desde a década de 1990, tem havido um crescente foco no misticismo em diversos segmentos do Cristianismo. Beirando o esotérico, essas experiências ampliam a divisão entre uma “fé factual” e uma “fé sentida”, ameaçando substituir o ensino bíblico sólido por respostas movidas pela emoção.
A oração absorvente é uma dessas atividades místicas. Ela é descrita como o ato de repousar na presença de Deus. Para isso, recomenda-se tocar músicas de adoração suaves, seja sentado ou deitado, e realizar orações curtas e simples por um longo período, mantendo a mente livre de outros pensamentos. Quando se percebe a presença de Deus por meio de alguma manifestação – como formigamento na pele, uma sensação de calor ou frio, ou até uma leve brisa aparentemente percorrendo o corpo – o praticante deve simplesmente “absorver” essa presença.
Embora essa prática possa soar estranha para alguns, ela não aparenta ser necessariamente negativa à primeira vista. No entanto, o critério pelo qual avaliaremos nossas experiências na vida é a Bíblia, e quando a oração absorvente é examinada sob essa ótica, percebe-se que ela carece de respaldo nas Escrituras. Em nenhum momento é apresentado, na Bíblia, um modelo de oração que se assemelhe a essa prática.
No contexto bíblico, orar de forma simples consiste em invocar o nome do Senhor e, em cada ocorrência nas Escrituras, a oração é descrita como uma comunicação com Deus. A oração absorvente pode até iniciar dessa forma, mas rapidamente se transforma em um estado meditativo quase semelhante a um transe, distanciando-se dos princípios bíblicos e aproximando-se de práticas associadas à Nova Era ou até mesmo a algumas correntes do hinduísmo.
Não se pode negar que experimentar a presença de Deus pode ser uma experiência poderosa e transformadora. Contudo, o problema da oração absorvente reside em sua metodologia, e não em seu objetivo de buscar uma experiência espiritual. Ao focar em obter uma vivência mística através de exercícios que buscam a presença de Deus, essa prática aproxima-se de concepções como a oração contemplativa e a espiritualidade contemplativa, ambas sem respaldo bíblico.
A verdadeira oração, conforme ensinado nas Escrituras, é o diálogo com Deus realizado com a consciência da vontade divina. Um crente que ora segundo os preceitos bíblicos já compreende que a presença de Deus está constantemente ao seu lado, sem depender de sensações físicas para confirmar essa realidade.