O que é a visão/movimento G12?
O movimento G12 é uma estratégia de discipulado em igreja-célula idealizada por Cesar Castellanos na Missão Carismática Internacional de Bogotá, Colômbia, onde ele atuava como pastor. Castellanos acreditava que Deus lhe falou por meio de uma visão, revelando o que Ele desejava que a Igreja fizesse em resposta aos tempos finais. Essa visão se baseava no princípio do “governo dos 12”, um esquema hierárquico de discipulado e autoridade. Ele propôs que, uma vez que Israel possuía 12 tribos e Cristo teve 12 discípulos, a Igreja deveria organizar sua estrutura segundo esse modelo governamental e se transformar em uma igreja-célula.
O modelo G12 funciona da seguinte forma: um pastor treina 12 pessoas para se tornarem líderes de células. Esses líderes são responsáveis por discipular 12 pessoas em um grupo celular, geralmente recrutadas tanto da comunidade quanto da própria igreja. Após um período determinado e o cumprimento de rigorosos requisitos, esses membros tornam-se líderes e passam a iniciar suas próprias células. Dessa forma, a membresia da igreja se multiplica e a mensagem do Evangelho é levada à comunidade.
Embora o modelo celular em si não apresente problemas inerentes – já que igrejas ao redor do mundo buscam continuamente o equilíbrio ideal entre modelo e ministério para serem eficazes – os ensinamentos que frequentemente o acompanham precisam ser questionados.
Considere o próprio Cesar Castellanos. Ele faz parte da Nova Reforma Apostólica carismática, um movimento cujo conteúdo doutrinário é questionável. Esse segmento acredita que Deus levantou apóstolos nos dias atuais para dar continuidade à obra dos apóstolos originais das Escrituras, atribuindo a esses líderes a responsabilidade de supervisionar o trabalho da Igreja na Terra. Essa corrente está associada a expressões como “nomeie e reivindique”, a “bênção de Toronto”, “fé pela palavra”, “sinais e maravilhas” e “saúde e prosperidade”, todas ensinanças que não encontram respaldo bíblico. Castellanos chega a acreditar que Deus concede a ele uma revelação pós-canônica, que incluiria a visão G12.
Líderes do movimento G12 também fizeram declarações questionáveis, como afirmar que “o modelo de ministério baseado nos 12 é o meio mais eficaz de obedecer à Grande Comissão de Jesus Cristo para conquistar discípulos e fazer a Igreja crescer” (de um folheto de uma conferência G12 realizada na Índia, em 2003). Além disso, há a implicação de que o Governo dos 12 é o que Deus está realizando atualmente e que, se você não aderir ao G12, estará se opondo a Deus. No entanto, nada disso pode ser comprovado pelas Escrituras. Dividir uma igreja em células de 12 não encontra amparo bíblico. O que a Bíblia ensina é que a Igreja é comparada a um corpo – muitas partes formam o todo, cada uma tão necessária quanto a outra (1 Coríntios 12). A Igreja é liderada por anciãos, assistida por diáconos e composta por crentes, e a forma de organização e governo de cada congregação é deixada para interpretação das Escrituras.
A visão/movimento G12, assim, não está presente nas páginas da Bíblia, tampouco muitos dos ensinamentos defendidos por seus proponentes. Esse é o verdadeiro perigo. Apesar de o modelo G12 ter funcionado para muitas igrejas como forma de crescimento e expansão, sua associação com doutrinas questionáveis deixa a desejar para aqueles que desejam manter a Escritura, e não os ensinamentos humanos, como única referência para a vida (2 Timóteo 3:15-16).