Por que a sola fide é importante?
Pergunta
Resposta
Sola fide, que significa “somente fé”, é importante porque é uma das características distintivas que separa o verdadeiro Evangelho bíblico dos evangelhos falsos. Em jogo está o próprio Evangelho, e, por isso, trata-se de uma questão de vida ou morte eterna. Obter o Evangelho da maneira correta é de tamanha importância que o apóstolo Paulo advertia severamente contra qualquer ensino que desvirtue essa verdade, enfatizando que a salvação não pode ser comprometida por doutrinas contrárias.
Paulo abordava a mesma questão que a sola fide trata – ou seja, com base em que o ser humano é declarado justo diante de Deus: somente pela fé ou pela fé combinada com obras? Em suas cartas, ele deixa claro que “o ser humano é justificado pela fé em Cristo e não por observar a lei”, ensinamento que se repete por toda a Bíblia.
A sola fide é uma das cinco solas que passaram a definir e resumir as questões centrais da Reforma Protestante. Cada uma dessas expressões latinas representa um aspecto crucial da doutrina cristã que esteve em disputa entre os Reformadores e a Igreja Católica Romana, e que, ainda hoje, sintetizam os ensinamentos essenciais ao Evangelho e à prática cristã. Assim, temos: sola scriptura (somente a Escritura), sola fide (somente a fé), sola gratia (somente a graça), sola Christus (somente Cristo) e sola Deo gloria (somente para a glória de Deus). Cada uma é de importância vital, estando todas intimamente interligadas. Desviar-se de uma delas pode levar a erros em outras doutrinas essenciais, resultando, em última instância, em um evangelho falso incapaz de salvar.
A questão da sola fide, ou justificação somente pela fé, constitui um ponto de divergência não apenas entre protestantes e católicos, mas também entre o cristianismo bíblico e quase todas as outras religiões e ensinamentos. Enquanto a maioria dos sistemas religiosos e cultos ensina que é necessário realizar determinadas obras para alcançar a salvação, a Bíblia ensina que a salvação é um dom da graça de Deus, recebido por meio da fé. O cristianismo bíblico se destaca por estar centrado no que Deus realizou através do trabalho consumado de Cristo, em contraste com outras religiões, que geralmente se baseiam no mérito ou nas realizações humanas.
Se abandonarmos a doutrina da justificação pela fé, abandonamos a única via de salvação. A Escritura apresenta que “quando um homem trabalha, seu salário não é creditado como um dom, mas como uma obrigação; entretanto, para aquele que não trabalha, mas confia naquele que justifica os ímpios, a sua fé lhe é creditada como justiça”. Assim, a Bíblia ensina que aqueles que confiam em Jesus Cristo para serem justificados recebem, como prova, a Sua justiça. Por outro lado, aqueles que tentam estabelecer a própria justiça ou misturam fé com obras estarão sujeitos à punição por não alcançarem o padrão perfeito de Deus.
A sola fide – a doutrina da justificação somente pela fé, sem a necessidade de obras – é o reconhecimento do que está reiteradamente ensinado nas Escrituras: em determinado momento, Deus declara justos os pecadores, imputando-lhes a justiça de Cristo. Essa justificação ocorre independentemente de quaisquer obras e antes mesmo do indivíduo começar a manifestar uma vida justa. Essa compreensão contrasta fortemente com a teologia católica, que ensina que as obras justas têm mérito na salvação, e reforça a teologia protestante segundo a qual as obras justas são fruto e evidência de uma transformação interior operada pelo Espírito Santo.
Quão importante é a sola fide? Tão crucial para a mensagem do Evangelho e para a compreensão bíblica da salvação que Martinho Lutero a descreveu como “o artigo com e por meio do qual a igreja se mantém de pé.” Rejeitar a sola fide é rejeitar o único Evangelho que pode salvar, abrindo caminho para a adesão a doutrinas distorcidas e um evangelho falso. Dessa forma, os ensinos que enfatizavam a necessidade de guardar a lei ou de realizar obras de justiça foram firmemente repudiados pelo apóstolo Paulo, defendendo, assim, a pureza e a centralidade da verdade do Evangelho.
“Considere Abraão: ‘Ele creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça.’ Assim, os que creem são filhos de Abraão. As Escrituras previram que Deus justificaria os gentios pela fé e anunciaram o Evangelho a Abraão antecipadamente: ‘Todas as nações serão abençoadas por meio de você.’ Dessa forma, os que possuem fé são abençoados junto com Abraão, o homem de fé. Todo aquele que se apoia na observância da lei está sob uma maldição, pois está escrito: ‘Maledito é todo aquele que não continua a fazer tudo o que está escrito no Livro da Lei.’ Claramente, ninguém pode ser justificado diante de Deus pela lei, porque ‘os justos viverão pela fé.’”






