Devemos ter em mente que a Bíblia deve ser entendida como um todo. Os livros que antecedem os quatro Evangelhos prepararam o cenário, enquanto os que os seguem explicam o que foi iniciado. Em toda a Bíblia, o que Deus exige é fé. A salvação não vem por nossos feitos, mas por confiar no que Deus realiza em nosso favor.
Cada um dos Evangelhos enfatiza aspectos diferentes do ministério de Cristo. Mateus, destinado a um público judeu, ressalta o cumprimento das profecias do Antigo Testamento, demonstrando que Jesus é o Messias tão aguardado. Marcos apresenta um relato dinâmico e conciso, registrando os milagres de Jesus sem os longos discursos. Lucas retrata Jesus como o remédio para os males do mundo, destacando Sua humanidade perfeita e a preocupação com os fracos, sofredores e excluídos. Já João evidencia a divindade de Jesus por meio de seus ensinamentos e sinais que atestam que Ele é o Filho de Deus.
Os quatro Evangelhos, trabalhando em conjunto, oferecem um testemunho completo sobre Jesus, apresentando de forma marcante o Deus-Homem. Apesar das pequenas diferenças de ênfase, todos têm em comum a mensagem central: Jesus morreu para salvar os pecadores e ressuscitou, e o objetivo é que as pessoas creiam Nele, seja Ele visto como Rei, Servo, Filho do Homem ou Filho de Deus.
Agora, aprofundando a teologia dos Evangelhos, vemos que João inclui diversas declarações de fé e convites para crer, alinhados com o propósito de que as pessoas reconheçam Jesus como o Cristo, o Filho de Deus, e, através da fé, obtenham a vida. Os Evangelhos Sinóticos também enfatizam a importância de confiar em Cristo, mesmo que seus apelos à fé sejam menos explícitos, pois a essência permanece genuína.
Jesus proclama a necessidade de viver em justiça e adverte sobre o preço do pecado, que é a condenação eterna. Entretanto, ele sempre apresenta Deus como o padrão supremo de justiça e a Si mesmo como o meio para alcançá-la. Sem Cristo, a justiça é inalcançável, tornando o destino da condenação inevitável. O Sermão da Montanha exemplifica essa mensagem de maneira clara:
- Início abençoado: Jesus abre o sermão descrevendo a vida abençoada, não ensinando métodos para se alcançar a justiça, mas apresentando um retrato do que é a verdadeira justiça.
- Cumprimento da Lei: Ele revela que se apresenta como o cumprimento da lei do Antigo Testamento, assumindo o papel de proporcionar a justiça que nós, por nós mesmos, não é possível alcançar.
- Obras não garantem a salvação: Mesmo os praticantes mais devotos de sua época, como os fariseus, não tinham acesso ao céu apenas por suas boas obras. Jesus enfatiza que não é o sistema religioso, mas Ele próprio que salva.
- Justiça segundo o padrão divino: Ao aprofundar o conceito de justiça, Jesus define-a de acordo com o padrão de Deus e não segundo interpretações humanas, tornando evidente que nenhum esforço humano é suficiente para agradar a Deus.
- Crítica às práticas religiosas externas: Ele critica a prática de esmolas, orações e jejuns realizados apenas para fins de aparência, ressaltando que o foco deve estar na condição do coração.
- A salvaguarda da fé: Jesus adianta que, no dia do juízo, muitos que realizaram grandes obras serão impedidos de entrar no reino, pois não houve uma relação genuína com Ele, provando que as boas obras, sem fé, não são suficientes.
- Fundamento único da vida espiritual: Por fim, Jesus afirma que somente confiar em seus ensinamentos é o alicerce para uma vida religiosa autêntica, desafiando os ouvintes a abandonarem qualquer outro fundamento.
Em resumo, no Sermão da Montanha, Jesus desconstrói a religião farisaica das boas obras, apontando para uma santidade superior e oferecendo a Si mesmo como a única base para a verdadeira religiosidade. Aceitar o que Jesus ensina exige fé em Sua pessoa.
O Evangelho de Mateus enfatiza a fé em diversos momentos e apresenta de forma clara Jesus como o Filho de Deus, ressaltando que essa revelação não vem da carne, mas do Pai celestial.
O Evangelho de Marcos também realça a importância de se ter fé em Cristo, demonstrando a confiança essencial para se alcançar a salvação.
No Evangelho de Lucas, encontramos passagens que promovem a fé em Cristo, fortalecendo a mensagem de que somente através dela é possível experimentar uma transformação verdadeira.
Ao enxergarmos as Escrituras como um todo integrado, percebemos que há apenas uma mensagem de salvação, e os quatro Evangelhos constituem a base dessa mensagem.
As Epístolas, que seguem os Evangelhos, aprofundam o mesmo tema: a salvação pela fé em Cristo. Romanos destaca a justiça que vem de Deus e a doutrina da justificação pela graça mediante a fé. Gálatas, Colossenses e outras cartas reafirmam essa ideia, enquanto o livro de Hebreus enfatiza a preeminência e a perfeição de Cristo como o autor e consumador da nossa fé. As demais cartas enfatizam a importância de uma vida santa, tanto individualmente quanto na comunidade cristã, e a esperança que nasce da vida em Cristo. Por fim, o Apocalipse apresenta o ato final do plano divino para a humanidade e o destino de todos que permanecem firmes na fé em Cristo.