Quais são as doutrinas da graça?
A expressão “doutrinas da graça” é utilizada como um substituto para o termo “Calvinismo”, com o objetivo de desviar a atenção de João Calvino e concentrar-se na solidez bíblica e teológica de cada ponto abordado. Esse termo descreve as doutrinas soteriológicas que são características da teologia reformada, de base calvinista, e que podem ser resumidas pelo acrônimo TULIP. O “T” refere-se à Depravação Total, o “U” à Eleição Incondicional, o “L” à Expiação Limitada, o “I” à Graça Irresistível e o “P” à Perseverança dos Santos.

Os cristãos reformados afirmam que essas cinco doutrinas derivam diretamente das Escrituras e que o acrônimo TULIP descreve com precisão o ensino bíblico sobre a soteriologia – a doutrina da salvação. A seguir, uma breve descrição de cada uma das letras deste acrônimo:
Depravação Total
Como consequência da queda de Adão, toda a raça humana é afetada; todos os descendentes de Adão estão espiritualmente mortos em suas transgressões e pecados. Os calvinistas destacam que isso não significa que todas as pessoas sejam tão más quanto poderiam ser, mas sim que, por conta da queda do homem em Adão, todas as pessoas se encontram radicalmente depravadas por dentro, e essa depravação impacta todas as áreas de suas vidas.
Eleição Incondicional
Como o homem está morto em pecado, ele se mostra incapaz (e relutantemente indisposto) a oferecer uma resposta salvadora a Deus. Em vista disso, Deus, desde a eternidade, misericordiosamente escolheu um povo específico para a salvação. Esse povo é composto por homens e mulheres de todas as tribos, línguas, povos e nações. A eleição e a predestinação são incondicionais, não dependendo da resposta do homem à graça divina, pois o homem, em seu estado decaído, está tanto incapaz quanto indisposto a responder favoravelmente à oferta de salvação em Cristo.
Expiação Limitada
O propósito da morte expiatória de Cristo não foi meramente tornar os homens passíveis de salvação, deixando-a dependente da resposta humana à graça divina. Ao contrário, o objetivo da expiação foi garantir a redenção de um povo determinado. Todos aqueles que Deus escolheu, para os quais Cristo morreu, serão salvos. Muitos cristãos reformados preferem o termo “redenção particular”, pois consideram que ele captura com mais precisão a essência desta doutrina. Assim, não se trata de que a expiação de Cristo seja limitada, mas sim de ser direcionada, destinada a um povo específico – os eleitos de Deus.
Graça Irresistível
Deus escolheu um povo específico para ser o destinatário do trabalho expiatório de Cristo, e estas pessoas são atraídas por uma graça que não pode ser resistida. Quando Deus chama, o homem responde, não por salvar os homens contra a sua vontade, mas porque Deus transforma o coração do descrente rebelde, despertando nele o desejo de arrepender-se e ser salvo. Assim, a graça que atrai os eleitos é verdadeiramente irresistível, substituindo o coração de pedra do incrédulo por um coração de carne. Na teologia reformada, a regeneração ocorre antes da fé.
Perseverança dos Santos
O povo especial que Deus escolheu e atraiu por meio do Espírito Santo perseverará na fé. Nenhum daqueles que Deus escolheu se perderá, estando eles eternamente seguros Nele. Alguns teólogos reformados preferem o termo “Preservação dos Santos”, pois acreditam que esta expressão descreve de modo mais preciso como Deus é diretamente responsável pela manutenção dos seus eleitos. Está claro nas Escrituras que Cristo continua intercedendo por Seu povo, o que proporciona aos crentes a certeza de que aqueles que pertencem a Cristo são eternamente Seus.
Essas cinco doutrinas, em conjunto, formam as doutrinas da graça, assim denominadas porque resumem a experiência da salvação como resultado da graça de Deus, que atua independentemente da vontade humana. Nenhum esforço ou ação humana pode aumentar a graça divina para alcançar a redenção da alma; de fato, “é pela graça que vocês são salvos, mediante a fé – e isto não vem de vocês, é dom de Deus – não por obras, para que ninguém se glorie”.






