Resposta
A Parábola do Filho Pródigo apresenta o pai perdoador, figura constante que reflete a imagem de Deus. Ao contar essa história, Jesus identifica-Se com Deus ao demonstrar Seu amor pelos perdidos, simbolizados pelo filho mais novo, enquanto o filho mais velho representa os auto-justos.
O grande tema dessa parábola não é tão tanto a conversão do pecador, quanto nas duas parábolas anteriores, mas a restauração do crente à comunhão com o Pai. Nos primeiros relatos, o pai saía em busca do que estava perdido, enquanto aqui ele espera e observa ansiosamente o retorno do filho. Essa progressão dos relatos demonstra o amor de Deus por cada indivíduo e Sua atenção pessoal para com a humanidade. Na narrativa, a bondade do pai ofusca a culpa do filho, sendo a lembrança do amor paterno o que induz o pródigo ao arrependimento.
O Filho Mais Novo
No início da narrativa, o filho mais novo pede ao pai a sua parte da herança – um pedido que, além de legal, demonstra uma atitude desprovida do amor filial, pois implica desejar a separação definitiva do pai. Em vez de repreender o filho, o pai pacientemente concede seu pedido, ilustrando como Deus permite que o pecador siga seu caminho, mesmo sabendo que a independência ilusória levará à ruína.
Ansioso por satisfação pessoal, o filho mais novo parte para uma terra distante, onde desperdiça toda a sua herança em prazeres efêmeros e vazios. Quando uma fome severa atinge a região, ele se vê completamente desprovido de recursos e acaba empregando-se cuidando de porcos, trabalho degradante para aqueles de sua cultura. Chegado a esse ponto de desespero, ele passa a refletir sobre a própria condição, percebendo que até os empregados do pai tinham qualidade de vida melhor. Esse despertar culmina em seu arrependimento e na decisão de retornar ao lar, não para exigir seus direitos, mas para se oferecer como servo, reconhecendo sua indignidade para receber benefícios.
O Pai
Enquanto o filho estava longe, o pai permanecia vigilante e, ao avistar o retorno do filho, foi tomado por uma profunda compaixão. Sem sequer esperar um pedido preparado, ele corre ao encontro do filho, o abraça e o beija, quebrando convenções ao demonstrar tanta afetuosidade. Sem repreender ou censurar, o pai celebra o retorno do filho com gestos de honra: oferece-lhe a melhor roupa, coloca um anel em sua mão, calça-o com sandálias e manda preparar uma festa com o melhor banquete. Todos esses gestos simbolizam a restauração completa do filho ao status de membro da família, ilustrando o caráter misericordioso e generoso de Deus, que nos aceita sem exigir perfeição.
O Filho Mais Velho
A figura do filho mais velho é apresentada de forma contrastante. Ao retornar do campo e perceber a celebração pela volta do irmão, ele se enfurece e se recusa a entrar na casa. Ao ser confrontado pelo pai, o filho mais velho reclama, lembrando-se de todos os anos de trabalho e obediência, e argumenta que nunca recebeu recompensa semelhante à de seu irmão, que desperdiçou a herança com uma vida desregrada.
Com palavras brandas, o pai explica que tudo o que tem é do filho mais velho, mas que era necessário celebrar, pois seu irmão, que estava perdido, agora foi encontrado e restaurado. Essa resposta evidencia que o relacionamento com Deus não é baseado em mérito ou desempenho, mas na graça e na misericórdia. Por meio dessa comparação, a parábola critica aqueles que se apegam às próprias obras e não conseguem compreender a profundidade do amor e do perdão divinos.
A mensagem central da Parábola do Filho Pródigo é a demonstração incondicional do amor de Deus, que perdoa sem limitar a magnitude dos nossos erros, restaurando-nos à plenitude do relacionamento com Ele. Todos nós, de alguma forma, já nos afastamos desse amor e precisamos retornar à comunhão, abdicando do orgulho e aceitando a misericórdia que nos transforma e renova.
