Arão é mais conhecido por seu papel no Êxodo e por ter sido o primeiro sacerdote levítico, ou da linhagem de Arão. Ele nasceu em uma família levítica durante o cativeiro de Israel no Egito e era irmão mais velho de Moisés, sendo três anos mais velho que ele. Somos apresentados a Arão quando Deus diz a Moisés que enviará seu irmão para libertar os israelitas do domínio do Faraó.
Os israelitas permaneceram no Egito depois que José e sua geração morreram, aumentando consideravelmente em número. Um novo Faraó temia que eles se rebelassem contra os egípcios, então instituiu regras severas e colocou sobre eles mestres de escravos. Além disso, ordenou que as parteiras hebraicas eliminassem todos os meninos recém-nascidos. Quando as parteiras se recusaram, o Faraó determinou que todos jogassem os bebês do sexo masculino no Nilo. Essas ordens já estavam em vigor quando Moisés nasceu. Presume-se que Arão tenha nascido antes dessas leis ou que tenha escapado do destino cruel, já que as parteiras temiam a Deus mais do que obedecer ao Faraó. Nada se sabe sobre Arão até que Deus o envia para se unir ao octogenário Moisés.
Quando Deus falou a Moisés através de uma sarça ardente, convocando-o a voltar ao Egito e exigir a libertação dos israelitas, Moisés apresentou suas razões por acreditar não ser o escolhido ideal para a tarefa. Acabou, então, pedindo que Deus enviasse outra pessoa. Foi quando a ira do Senhor se manifestou, sugerindo: “E quanto ao seu irmão Arão, o levita? Tenho certeza de que ele sabe falar bem. Ele já está a caminho para encontrá-lo e ficará feliz em vê-lo.” Assim, Deus informou a Moisés que Arão seria seu porta-voz.
Deus também ordenou a Arão que se encontrasse com Moisés no deserto, e ele prontamente atendeu. Moisés repassou a Arão as instruções divinas, incluindo detalhes sobre os sinais que deveriam ser realizados diante do Faraó. No Egito, Moisés e Arão reuniram os anciãos dos israelitas e comunicaram-lhes a mensagem de Deus. É notável como Arão respondeu com rapidez e obediência, demonstrando plena disponibilidade para ajudar seu irmão e dialogar com o povo. Além disso, ele atuou como intermediário entre Moisés, que passou grande parte de sua vida distante do seu povo, e os próprios israelitas.
Conforme a narrativa do Êxodo se desenrola, Moisés e Arão comparecem ao Faraó, pedindo a libertação do povo e realizando inúmeros sinais, muitos dos quais envolveram o cajado de Arão. Em obediência às instruções divinas, ambos colaboraram para que, ao final, os israelitas fossem finalmente libertados.
Durante a peregrinação pelo deserto, Arão continuou a servir ao lado de Moisés, auxiliando-o e atuando como seu porta-voz. Quando o povo começou a reclamar contra a demora do retorno de Moisés, ambos disseram que logo se perceberia que o Senhor os havia livrado do Egito, demonstrando a glória divina. Moisés instruiu Arão a reunir o povo, e, com a manifestação da glória de Deus em forma de nuvem, Deus providenciou codornizes e maná. Ainda, foi determinado que uma porção do maná fosse guardada para as futuras gerações, e Arão foi encarregado de coletá-la.
Após a rebelião de Corá contra Moisés e Arão, Deus realizou um milagre para confirmar que Arão e seus descendentes eram realmente os escolhidos para ministrar na presença do Senhor. Doze cajados, um de cada tribo, foram reunidos, e o cajado que representava a tribo de Levi tinha o nome de Arão inscrito nele. Durante a noite, os cajados foram colocados no tabernáculo diante da Arca da Aliança e, na manhã seguinte, o cajado de Arão não apenas brotou, mas também deu botões, floresceu e produziu amêndoas. Este sinal selou o decreto divino e pôs fim às reclamações contra Deus.
Em outra ocasião, durante uma batalha contra os amalequitas, Josué – comandante do exército israelita – obteve a vitória somente quando as mãos de Moisés permaneciam erguidas. Já que Moisés se fatigava, Arão, juntamente com Hur, sustentou-o apoiando suas mãos. Esta imagem simboliza bem o papel de Arão, sempre ao lado de Moisés, apoiando e ampliando sua liderança na missão de libertar os israelitas.
No Monte Sinai, quando Deus se encontrava com Moisés para entregar a Lei, ordenou que o povo mantivesse distância. Em uma dessas ocasiões, Deus instruiu Moisés a trazer Arão consigo. Posteriormente, enquanto Moisés permanecia na montanha, Arão e Hur foram designados para resolver conflitos que surgissem entre o povo.
Apesar de sua lealdade, momentos difíceis marcaram o ministério de Arão. Impacientes com o longo período de ausência de Moisés, os israelitas pressionaram Arão a criar um deus para adorar. Sem oferecer resistência à demanda popular, Arão recolheu os adornos de ouro do povo, os moldou na forma de um bezerro e erigiu um altar em sua homenagem, inclusive anunciando a realização de uma festa em torno do ídolo. Esse episódio, que contrasta fortemente com os momentos anteriores de obediência, ilustra a fraqueza humana – mesmo aquele que havia presenciado de perto as obras poderosas de Deus e a manifestação divina no Monte Sinai cedeu à dúvida e ao temor do povo.
Ao tomar conhecimento dos acontecimentos envolvendo o bezerro de ouro, Deus ameaçou destruir os israelitas e formar uma nova nação através de Moisés. Moisés intercedeu em favor do povo e, ao presenciar a situação, sua ira o levou a quebrar as tábuas da aliança, símbolos do pacto divino. Em seguida, Moisés queimou o ídolo, espalhou suas cinzas na água e ordenou que o povo bebesse aquela água. Quando questionado sobre sua participação na criação do bezerro, Arão explicou que cedeu às demandas do povo, afirmando ter jogado os adornos no fogo – daí ter surgido o ídolo. Percebendo o descontrole e o escárnio dos inimigos diante daquela situação, Moisés reuniu os levitas e os instruiu a agir contra os rebeldes, intercedendo novamente em favor do povo, o que culminou, posteriormente, com o envio de uma praga como punição pelo pecado coletivo.
O episódio do bezerro de ouro não foi o único deslize de Arão. Em outro momento, Arão e Miriã, irmã de Moisés, questionaram a exclusividade de Moisés como porta-voz de Deus, ressaltando que o Senhor também lhes havia se manifestado. Tal postura, marcada pelo orgulho, é um alerta comum entre líderes. Deus chamou os três irmãos para se apresentarem diante dEle, defendendo Moisés e exigindo explicações pela falta de respeito. Quando a nuvem, de onde o Senhor falava, se dissipou, Miriã foi acometida por lepra. Arão suplicou a Moisés em seu favor, que clamou a Deus, resultando na cura de Miriã após sete dias fora do acampamento. Esse episódio evidencia tanto a gravidade do orgulho quanto o sincero arrependimento de Arão ao reconhecer seu erro.
Arão e seus filhos foram designados por Deus para exercer o sacerdócio entre os israelitas, tendo Arão sido o primeiro sumo sacerdote. No Monte Sinai, Deus entregou a Moisés as instruções para a consagração dos sacerdotes, determinando que aquele ministério pertenceria a Arão e seus descendentes por decreto perpétuo. Arão assumiu o papel de sumo sacerdote, e sua linhagem permaneceu nessa função até a destruição do templo no ano 70 d.C. Posteriormente, o livro de Hebreus no Novo Testamento contrasta o sacerdócio eterno de Jesus com o sacerdócio aarônico, enfatizando que os sacerdotes levíticos precisavam oferecer sacrifícios contínuos pelos seus próprios pecados e pelos do povo, enquanto o sacrifício de Jesus, sem pecado, foi realizado uma única vez e é definitivo.
Mesmo tendo seus filhos ingressado no sacerdócio, dois deles – Nadabe e Abiú – foram punidos por Deus por oferecerem fogo não autorizado diante do Senhor, contrariando Suas ordens. Quando Moisés explicou a Arão que aquele era o significado de ser santo perante Deus, Arão permaneceu em silêncio. Ele não defendeu seus filhos nem questionou o julgamento divino, demonstrando assim sua compreensão e aceitação da santidade e justiça de Deus.
Da mesma forma que Moisés, Arão não pôde entrar na Terra Prometida, devido ao pecado cometido em Meribá. Deus havia instruído Moisés, Arão e o filho de Arão, Eleazar, a subir ao Monte Hor, onde Eleazar seria designado como sumo sacerdote e Arão o seu turno de partir chegaria ao fim.
A trajetória de Arão ilustra de forma profunda a santidade e a graça de Deus. Ele iniciou sua jornada como um servo obediente e fiel, pronto para ajudar Moisés e interceder pelo povo, servindo de ponte na liderança que conduziu os israelitas para fora do cativeiro. Apesar de ter testemunhado as poderosas obras de Deus, Arão também errou ao ceder à pressão popular e criar o bezerro de ouro. Contudo, ele aprendeu com seus erros, reconhecendo suas falhas ao contestar Moisés e aceitando as consequências pelas transgressões cometidas por seus filhos. De Arão, aprendemos a importância de servir aos outros, a corresponsabilidade na liderança e a submissão à vontade divina.






