O que é a Rosa de Sharon?
A palavra hebraica sharon significa “uma planície ou um lugar plano”. A planície de Sharon é a área costeira situada entre as montanhas do centro de Israel e o Mar Mediterrâneo, estendendo-se de Joppa até o Monte Carmelo. Essa região é mencionada em Atos 9:35 em conjunto com a cidade de Lida – conhecida no Antigo Testamento como Lod (1 Crônicas 8:12) –, estando localizada no coração da planície de Sharon. Tradicionalmente, essa área era famosa por sua fertilidade e pelas flores que nela cresciam. Em Cântico dos Cânticos 2:1 encontramos a menção à “rosa de Sharon”. Dessa forma, pode-se supor que a flor recebeu esse nome em homenagem à região.
Segundo Webster, a “rosa de Sharon” é uma planta resistente, da família das malváceas, conhecida como Hibiscus syriacus e que apresenta flores brancas, vermelhas, rosadas ou arroxeadas. Entretanto, a rosa de Sharon descrita no Cântico dos Cânticos assemelha-se a um crocus, sendo também a fonte do açafrão. A palavra hebraica habaselet, utilizada em Cântico dos Cânticos 2:1, é traduzida duas vezes como “rosa” – uma no próprio Cântico e outra em Isaías 35:1. É possível que os tradutores tenham empregado o termo “rosa” para transmitir o sentido da palavra hebraica, referindo-se a uma flor semelhante ao que hoje conhecemos como crocus ou até mesmo a uma flor bulbosa, como a tulipa. Inclusive, a NIV utiliza uma nota de rodapé sugerindo que se trata “possivelmente de um membro da família dos crocus”.
Portanto, a “rosa de Sharon” não corresponde, de fato, à rosa que conhecemos atualmente. Ela pode ser uma planta similar ao hibisco ou, alternativamente, assemelhar-se a um crocus ou a uma tulipa.
Alguns estudiosos bíblicos interpretam a rosa de Sharon como uma alegoria de Cristo, enquanto o lírio seria a representação da igreja, Sua noiva. Essa analogia era apreciada inclusive por alguns dos primeiros padres da igreja. Embora existam paralelos entre Cristo e a rosa de Sharon, muitos deles se desfazem ao se constatar que a rosa mencionada não é, na realidade, uma rosa, mas sim um crocus ou uma tulipa. Ademais, a igreja nunca é retratada como um lírio na Bíblia. Há ainda quem sugira que, por a rosa de Sharon florescer em condições áridas e desfavoráveis, ela simbolize Jesus oriundo da raiz de Jessé e de Davi (Isaías 11:1; Apocalipse 22:16), porém, descrever a casa de Jessé e Davi como “árida” carece de fundamento nas Escrituras. Naturalmente, Jesus é tão encantador e perfumado quanto uma rosa, mas isso por si só não é suficiente para identificar de forma definitiva o Cântico dos Cânticos 2:1 como um símbolo de Cristo.






