A Bíblia chama os cristãos para defender a fé ou argumentar a favor dela?
Pergunta
Resposta
O versículo clássico que promove a apologética, ou seja, a defesa da fé cristã, ensina que os crentes devem estar preparados para apresentar a razão da esperança que possuem. A única maneira eficaz de fazer isso é estudando os motivos que fundamentam nossas crenças. Assim, estaremos aptos a refutar argumentos e toda pretensão que se opõe ao conhecimento de Deus, submetendo todo pensamento à obediência a Cristo. O apóstolo Paulo colocava essa prática em ação; defender a fé fazia parte de sua rotina ministerial. Ele até enfatizava a importância da apologética como parte de sua missão e a estabelecia como um requisito para a liderança na igreja. Da mesma forma, o apóstolo Judas exortava os santos a lutarem pela fé que lhes fora confiada uma vez por todas.
Mas de onde os apóstolos obtiveram essas ideias? Do próprio Mestre. Jesus, ao prover evidências durante Sua vida, atuava como Sua própria apologética, demonstrando que devemos crer n’Ele pelos sinais que apresentava. De fato, toda a Bíblia transborda de milagres divinos que confirmam aquilo que Deus deseja que creiamos. É natural que as pessoas exijam provas para acreditar em algo, especialmente considerando que fomos criados como seres racionais. Como afirma Norman Geisler, essa busca por evidência não elimina a fé; ao contrário, Deus nos convida a dar um passo de fé à luz das evidências, e não simplesmente a mergulhar no desconhecido.
Aqueles que se opõem a esses ensinos bíblicos podem argumentar que “a Palavra de Deus não precisa ser defendida”. Mas qual dos escritos mundanos pode reivindicar ser a Palavra de Deus? Assim que alguém apresenta uma resposta, está, de fato, engajado na apologética. Alguns afirmam que a razão humana não seria capaz de nos ensinar nada sobre Deus – porém, essa própria afirmação é, de certa forma, um comentário razoável sobre o divino; caso contrário, não haveria justificativa para acreditarmos nela. É comum ouvir: “Se alguém pode te convencer do cristianismo, outra pessoa pode te convencer do contrário”. Essa perspectiva é problemática se lembrarmos que o próprio Paulo estabeleceu um critério – a ressurreição – pelo qual o cristianismo deveria ser aceito ou rejeitado. Recusar-se a reconhecer essa evidência revela uma piedade mal direcionada.
Isso não significa, entretanto, que a apologética por si só, sem a ação do Espírito Santo, seja capaz de conduzir alguém à fé salvadora. É um falso dilema pensar que se trata de “Espírito versus Lógica”. Por que não combinar ambos? O Espírito Santo pode mover o coração de cada pessoa de maneiras diversas – seja por meio de provações, de experiências emocionais ou pelo uso da razão –, escolhendo os meios que julgar mais adequados. O que nos é ordenado é utilizar a apologética em tantos contextos quanto formos instruídos a pregar o evangelho.