Como chegar ao céu — quais são as ideias das diferentes religiões?

Como chegar ao céu — quais são as ideias das diferentes religiões?

Existem cinco categorias principais sobre como se alcançar o céu nas religiões do mundo. A maioria acredita que o trabalho árduo e a sabedoria conduzem à realização suprema, seja na forma de união com Deus (como no Hinduísmo, Budismo e Baha’i) ou de liberdade e independência (como na Cientologia e no Jainismo). Outras, como o Unitarianismo e a Wicca, ensinam que a vida após a morte é o que cada um deseja, não havendo questão de salvação, já que a natureza pecaminosa não existe. Há também aqueles que afirmam que a vida após a morte não existe ou é algo demasiadamente incognoscível para ser considerado.

Os sistemas de crença derivados do culto ao Deus cristão-judeu geralmente sustentam que a fé em Deus e/ou em Jesus, aliada à realização de diversos atos – como o batismo ou o evangelismo porta a porta – garantem que o adorador alcançará o céu. Apenas o cristianismo bíblico ensina que a salvação é um dom gratuito de Deus, concedido por meio da fé em Cristo.

Ateísmo

A maioria dos ateus acredita que não existe céu — nem qualquer vida após a morte. Após a morte, as pessoas simplesmente deixam de existir. Outros tentam definir o que seria a vida após a morte com base em conceitos da mecânica quântica e outros métodos científicos.

Baha’i

Assim como muitas outras religiões, o Baha’i não ensina que o homem nasce com uma natureza pecaminosa ou que precisa ser salvo do mal. O que se precisa é se libertar de crenças equivocadas sobre o funcionamento do mundo e a forma de se interagir com ele. Deus enviou mensageiros – como Abraão, Krishna, Zoroastro, Moisés, Buda, Jesus, Maomé e Baha’u’llah – que revelaram progressivamente a sua natureza. Após a morte, a alma segue sua jornada espiritual, podendo passar por estados de céu e inferno até alcançar um repouso final, unida a Deus.

Budismo

O Budismo ensina que chegar ao “céu” (ou nirvana) significa reencontrar-se espiritualmente com Deus. Nirvana é um estado transcendental e de bem-aventurança, cuja conquista depende de seguir o Caminho Óctuplo – compreendendo o universo e vivendo, falando e agindo de forma correta e com as intenções apropriadas. O domínio desses ensinamentos permite que o espírito retorne a Deus.

Religião Chinesa

Na religião chinesa, que é uma mistura de crenças como o Taoismo e o Budismo, os adoradores não pertencem a uma igreja organizada. Após a morte, eles são julgados: os virtuosos são encaminhados a um paraíso budista ou a uma morada taoísta, enquanto os ímpios são enviados ao inferno por um período, sendo posteriormente reencarnados.

Cristianismo

O Cristianismo ensina que o homem não pode conquistar ou pagar sua entrada no céu por meio de obras. Nascido escravo de uma natureza pecaminosa, ele deve confiar unicamente na graça de Deus, que aplica a redenção concedida por Jesus Cristo. Assim, o perdão dos pecados e a salvação são obtidos pela fé na morte e ressurreição de Cristo. Após a morte, os espíritos dos cristãos vão para o céu, enquanto os incrédulos são destinados ao inferno e, no julgamento final, os que rejeitaram Deus permanecem separados d’Ele para sempre.

Confucionismo

O Confucionismo foca no comportamento adequado e nas virtudes durante a vida, sem se preocupar com um céu futuro. Como a vida após a morte é incognoscível, todo o esforço deve ser direcionado à construção de uma vida plena, honrando os ancestrais e respeitando os mais velhos.

Ortodoxia Oriental

A Ortodoxia Oriental, derivada do Cristianismo, reinterpreta algumas passagens bíblicas de modo que as obras se tornam essenciais para alcançar o céu. Embora a fé em Jesus seja necessária para a salvação, ela faz parte de um processo — a “theosis” — que, se não for realizado adequadamente, pode fazer com que o adorador perca sua salvação. Após a morte, os devotos permanecem em um estado intermediário para completar essa transformação. Se não alcançarem progresso suficiente, podem ser temporariamente submetidos a uma condição severa que os levará ao inferno, a menos que os vivos orem e realizem atos de misericórdia em seu favor. No final, todos experimentarão a presença de Deus eternamente, sendo que, para os seguintes de Cristo, essa presença é fonte de alegria, enquanto para os incrédulos, é motivo de tormento.

Hinduísmo

No Hinduísmo, a salvação – ou moksha – é alcançada quando o adorador se liberta do ciclo de reencarnações e seu espírito se une a Deus. Isso ocorre ao se livrar do mau karma, ou seja, das consequências de ações e intenções negativas. Existem três caminhos para atingir essa libertação: a devoção altruísta a um deus específico, a compreensão profunda da natureza do universo ou a prática correta para aplacar os deuses. Dada a diversidade de deuses adorados, há correntes que ensinam que, eliminando o eu ilusório (Advaita), a alma se confunde com Deus, enquanto outras defendem que a alma permanece com identidade própria mesmo em união com o divino.

Islã

No Islã, que adaptou características do conceito do Deus cristão/judeu, a salvação é obtida por meio das obras e não pela graça. Muçulmanos creem que obedecer a Allah de forma a fazer com que os bons atos superem os maus é o caminho para a salvação. Além de seguir o exemplo e os ensinamentos de Maomé, os fiéis praticam orações extras, jejum, peregrinações e boas ações para inclinar a balança a seu favor. O martírio em serviço de Allah é considerado a única ação garantida a assegurar a entrada no paraíso.

Jainismo

Originário da Índia, o Jainismo enfatiza que para a salvação é preciso adotar a crença correta, adquirir o conhecimento adequado e agir de maneira apropriada, de modo que a alma se livre do mau karma. Diferente de outras religiões, o Jainismo não postula um criador ou um deus supremo; a salvação se dá pela capacidade do homem de se tornar o mestre de seu próprio destino, atingindo um estado de perfeição, conhecimento, bem-aventurança e poder ilimitados.

Testemunhas de Jeová

Os ensinamentos das Testemunhas de Jeová classificam-nas como uma ramificação do Cristianismo que nega a personalidade do Espírito Santo e vê Cristo como uma criatura criada. Segundo essa visão, existem diferentes níveis de céu: um grupo de 144.000, que recebe a salvação através do sangue de Cristo e reinará no paraíso, e o restante, para quem o sacrifício de Jesus apenas os liberta da maldição do pecado original, possibilitando que eles conquistem seu caminho para o céu através do estudo da história do Reino, cumprimento das leis divinas e evangelismo. Após a morte, os fiéis são ressuscitados durante o período milenar e devem continuar vivendo de forma devota, enquanto os justos viverão eternamente sob o domínio dos 144.000.

Judaísmo

No Judaísmo, acredita-se que tanto os indivíduos quanto o povo, enquanto nação, podem se reconciliar com Deus. Embora o pecado — seja de forma individual ou coletiva — possa implicar a perda da salvação, o arrependimento, as boas obras e uma vida de devoção possibilitam reconquistar essa salvação.

Mormonismo

Os mórmons consideram sua religião uma derivação do Judaico/Cristianismo, embora sua interpretação de Cristo e a dependência de obras extras contrariem a doutrina salvífica tradicional. Eles possuem uma visão diferenciada do céu: para alcançar um “segundo céu” por meio da salvação geral, é necessário aceitar Cristo (em vida ou após a morte) e ser batizado; enquanto o acesso ao céu mais elevado requer, além da fé, o cumprimento de diversos rituais, a adesão à igreja, o recebimento do Espírito Santo e a observância de mandamentos específicos, o que culmina na possibilidade de o adorador e seu cônjuge se tornarem deuses e gerarem filhos espirituais que reencarnam na Terra.

Catolicismo Romano

Originalmente, os católicos romanos acreditavam que somente os membros da Igreja Católica poderiam alcançar a salvação. Tornar-se membro implicava passar por um processo extenso de cursos, rituais e batismo. Para os que já haviam sido batizados, mas não pertenciam à Igreja, havia requisitos diferenciados. O batismo – seja ele físico, de sangue (martírio) ou de desejo – é considerado essencial para a salvação. Conforme ensina o Catecismo, aqueles que morrem pela fé ou que, mesmo sem conhecer a Igreja, buscam sinceramente cumprir a vontade de Deus, são salvos. Segundo essa doutrina, após a morte, as almas daqueles que rejeitam Cristo vão para o inferno, enquanto as que o aceitaram e se purificaram dos pecados podem ir para o céu. Aqueles que morreram na fé, mas não completaram a purificação, passam pelo purgatório, onde enfrentam um período temporário e doloroso de expiação antes de serem admitidos ao céu.

Cientologia

A Cientologia propõe que a salvação é alcançada por meio do conhecimento sobre si mesmo e sobre o universo. Segundo essa fé, o “thetan” – equivalente à alma – viaja por diversas vidas, tentando eliminar imagens traumáticas que causam comportamentos irracionais e baseados no medo. Quando um cientologista se torna “operante”, isto é, quando consegue superar essas imagens prejudiciais, adquire a capacidade de controlar pensamentos, a própria vida e até mesmo aspectos como matéria, energia, espaço e tempo.

Xintoísmo

No Xintoísmo, a concepção original da vida após a morte se assemelhava a um reino sombrio, similar ao Hades. Atualmente, porém, essas questões foram amplamente transferidas para o Budismo. A salvação no Xintoísmo depende do arrependimento e da manutenção da pureza da alma, permitindo que ela se una aos ancestrais.

Sikhismo

O Sikhismo nasceu como uma resposta aos conflitos entre o Hinduísmo e o Islã, incorporando influências do primeiro, embora, como os muçulmanos, os sikhs sejam monoteístas. Para eles, o “mal” é apenas o resultado do egoísmo humano. A salvação é alcançada vivendo de forma honesta e meditando em Deus; quando as boas obras se acumulam, o adorador se liberta do ciclo de reencarnações e se torna um com o divino.

Taoismo

O Taoismo, assim como outras religiões orientais, como o Xintoísmo e as tradições folclóricas chinesas, incorporou de forma significativa os ensinamentos do Budismo sobre a vida após a morte. Inicialmente, os taoístas concentravam-se na construção de uma sociedade utópica, buscando alinhar-se com o cosmos e recebendo auxílio de imortais que habitavam montanhas e ilhas, o que lhes concedia a imortalidade. Com o tempo, a busca pela imortalidade cedeu lugar aos princípios budistas sobre a vida após a morte.

Unitarianismo

Os unitarianos são incentivados a acreditar no que lhes parecer adequado sobre a vida após a morte e os caminhos para alcançá-la. Em geral, preferem focar na busca pela iluminação nesta vida, sem se preocupar excessivamente com o que ocorre depois da morte.

Wicca

Os wiccanos possuem diversas visões a respeito da vida após a morte, mas a maioria concorda que não há necessidade de salvação. Para eles, é imperativo viver em harmonia com a Deusa, cuidando da Terra – sua manifestação física – pois, se não o fizerem, o mau karma retornará de forma tripla. Alguns acreditam que as almas reencarnam até aprenderem todas as lições de suas vidas e se fundirem com a Deusa; outros sustentam que cada indivíduo determina o seu destino após a morte, seja reencarnação, inferno ou união com a divindade. Há também aqueles que optam por não contemplar a vida após a morte, pois não creem em pecado ou em algo do qual precisem ser salvos.

Zoroastrismo

O Zoroastrismo foi, possivelmente, a primeira religião a afirmar que as ações em vida determinam a condição na vida após a morte. Nele, não há reencarnação; após a morte, ocorre um julgamento simples quatro dias depois, em que o tempo passado no inferno pode ser suficiente para, posteriormente, se alcançar o céu. Para ser considerado justo, pode-se empregar o conhecimento ou a devoção, mas a ação correta continua sendo o caminho mais eficaz para essa retidão.

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