Pergunta
Em primeiro lugar, vamos definir oração imprecatória. Imprecate significa “invocar o mal ou amaldiçoar” os inimigos. O rei Davi, o salmista mais associado com versículos imprecatórios — como os encontrados nos Salmos 55, 69 e 109, por exemplo — frequentemente usava expressões como “que o caminho deles seja sombrio e escorregadio, com o anjo do SENHOR os perseguindo” e “Ó Deus, quebra os dentes na boca deles; arranca as presas dos leões jovens, ó SENHOR!”
Os Salmos 7, 35, 55, 58, 59, 69, 109 e 139 foram escritos por Davi para pedir a Deus que trouxesse julgamento sobre os seus inimigos. (Os outros dois salmos imprecatórios, 79 e 137, foram escritos por Asaph e por um salmista desconhecido.) Essas orações não foram elaboradas com o intuito de executar vingança contra os inimigos, mas sim para enfatizar o repúdio de Deus ao mal, a sua soberania sobre toda a humanidade e a proteção divina concedida ao seu povo escolhido. Muitas dessas orações possuem caráter profético e podem ser observadas se realizando mais tarde, no Novo Testamento, em eventos históricos concretos.
Quando Davi orou para que Deus despedaçasse os dentes de seus inimigos, comparando-os a leões jovens que o perseguiam até a morte, sua intenção era mostrar que Deus é santo, justo e equitativo, e que, em última análise, julgará os ímpios pelo mal que praticam. Jesus citou alguns desses salmos imprecatórios durante o Seu ministério terreno, e Paulo também fez o mesmo ao referenciar passagens desses salmos. O fato de Jesus e Paulo terem utilizado esses versículos para ilustrar verdades espirituais comprova que tais salmos foram inspirados por Deus, refutando qualquer alegação de que se tratavam de orações pecaminosas ou movidas por um desejo egoísta de vingança.
Utilizar orações imprecatórias dos Salmos nos dias de hoje deve se restringir apenas aos nossos inimigos espirituais. Orar imprecações contra inimigos humanos desconfigura o contexto original dessas orações. No Novo Testamento, Jesus nos exorta a orar pelos nossos inimigos e não a desejar a sua morte ou que coisas ruins lhes aconteçam. Em vez disso, devemos orar primeiramente pela salvação deles e, em seguida, pela realização da vontade de Deus. Não há bênção maior do que um relacionamento pessoal com Jesus Cristo, e é esse o sentido da oração e da bênção direcionadas àqueles que nos amaldiçoam.
Orar dessa maneira permite que Deus opere em nossas vidas, amolecendo nossos corações em relação aos nossos inimigos, para que desenvolvamos compaixão por eles diante de seu destino eterno, além de remover a amargura e a raiva que podem habitar em nós. Orar para que a vontade de Deus seja feita significa concordar com Ele e nos submeter à sua soberania, mesmo sem entender perfeitamente o que está acontecendo em cada situação. Significa também abandonar a ideia de que sabemos o que é melhor, passando a confiar que Deus realizará a sua vontade de forma plena. Caso tenhamos sido vítimas de alguma injustiça, buscamos a Deus em oração e deixamos que o Seu julgamento se manifeste, confiando que Ele fará o que for melhor. Essa é a maneira de alcançar a paz com Deus e com todas as pessoas.






