O que são contas de oração? É aceitável utilizar contas durante a oração?
Contas de oração, às vezes chamadas de terço, são utilizadas na prática da meditação e da oração. As orações são repetidas diversas vezes, correspondendo ao número de contas. Embora tradicionalmente associadas ao catolicismo, o uso das contas de oração é amplo, sendo incorporado por várias tradições religiosas.
O terço básico é composto por 59 contas conectadas de forma a assemelharem-se a um colar. Cada conta destina-se a marcar a recitação de uma oração enquanto é segurada. Dentre essas contas, 53 são dedicadas à recitação de “Ave Marias” e as outras seis, ao “Pai Nosso”. Essa técnica oferece um método físico para controlar a contagem das orações, à medida que os dedos percorrem as contas enquanto as mesmas são ditas.
A história do terço no meio cristão remonta às Cruzadas. Historiadores acreditam que os cruzados tenham adotado essa prática dos árabes, os quais, por sua vez, copiavam a utilização de contas vindas da Índia. Descobertas arqueológicas recentes indicam que os antigos efésios usavam contas semelhantes em seu culto a Diana – também conhecida como Ártemis –, cujo templo figurava entre as sete maravilhas do mundo.
Entre os católicos romanos, as contas de oração também ajudam a manter o controle sobre aproximadamente 180 orações que compõem o terço. Exemplos dessas orações incluem o “Pai Nosso”, a “Ave Maria” e o “Glória”. A prática do terço parte da premissa de que a repetição contínua dessas orações possibilita ao suplicante conquistar mérito ou favor divino para escapar do castigo dos fogos do purgatório.
No entanto, o uso das contas de oração não possui respaldo escrito nas Escrituras. O próprio Jesus repreendeu os líderes religiosos de seu tempo por repetirem suas orações incessantemente, ensinando aos Seus discípulos a não seguir o exemplo dos pagãos que repetem suas palavras em vão (Mateus 6:7). As orações não devem ser recitadas de forma automática ou sem reflexão, como se fossem fórmulas mecânicas. Apesar de muitos afirmarem que o terço os ajuda a direcionar o foco de si mesmos para Cristo, a questão central permanece na eficácia de repetir as mesmas frases de modo quase mantram.
A oração é um privilégio extraordinário para o cristão, pois somos convidados pelo Criador do universo a nos aproximarmos com confiança de Sua presença (Hebreus 4:16) e a nos comunicarmos com Ele. Através da oração, louvamos, adoramos, agradecemos, nos rendemos e apresentamos petições e intercessões por nós e pelos outros. É difícil imaginar como um relacionamento tão íntimo com o Criador seria intensificado pela repetição ininterrupta de orações simples através do uso de contas.






