Por que Jesus se referiu a Tiago e João como Filhos do Trovão?
No Evangelho de Marcos 3, Jesus chama doze homens para serem Seus apóstolos. Entre eles estão Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, aos quais Ele concedeu o apelido de Boanerges, que significa Filhos do Trovão. Esta é a única passagem nas Escrituras que menciona essa designação, sem que se ofereça uma explicação explícita para a escolha do termo.

No entanto, Jesus tem um propósito em tudo o que faz e, por isso, deve ter tido uma boa razão para batizar Tiago e João como “Filhos do Trovão”. Ele conhecia profundamente a natureza de cada pessoa e, ao conhecer os irmãos, encontrou neles características que justificavam esse apelido tão marcante.
Em um episódio revelador, podemos observar que Tiago e João demonstraram qualidades verdadeiramente semelhantes ao trovão. Em uma viagem pela Samaria rumo a Jerusalém, Jesus e Seus discípulos enfrentaram dificuldades ao buscar acomodação para a noite – os habitantes da vila os recusaram simplesmente por terem como destino final Jerusalém, reflexo do preconceito existente entre judeus e samaritanos. Ao presenciarem a situação, Tiago e João questionaram se Jesus desejava que chamassem fogo do céu para destruir os que os haviam rejeitado. Diante dessa atitude impetuosa, Jesus os repreendeu, e o grupo seguiu para outra vila. A reação dos irmãos evidencia um fervor, uma impetuosidade e uma ira que, de fato, se assemelham a um trovão – evidência de momentos em que suas personalidades vivenciaram a razão do apelido.
Tiago e João eram dois dos amigos mais próximos de Jesus, fazendo parte do grupo restrito dos “três mais íntimos” discípulos. Com o início da era da igreja, Tiago foi o primeiro apóstolo a ser martirizado, enquanto João sobreviveu e deixou seu legado até o final de sua vida, falecendo de causas naturais. As cartas de João, escritas em seus últimos anos, revelam que seu espírito fervoroso persistia, especialmente em suas críticas a apóstatas e enganadores. Entretanto, esse fervor era sempre temperado pelo amor – evidência disso é a recorrência da palavra “amor” e seus derivados ao longo de sua escrita. Quando conheceu Jesus, João era identificado pelos traços do “Filho do Trovão”; ao longo dos anos de caminhada com o Mestre, ele passou a ser conhecido como o “Apóstolo do Amor”.






