Quais são as origens da Páscoa?

Pergunta

Quais são as origens da Páscoa?

Resposta

A origem da Páscoa é obscura. Geralmente supõe-se que o nome “Easter” deriva de uma figura pagã chamada Eastre (ou Eostre), celebrada como a deusa da primavera pelos saxões do Norte da Europa. De acordo com essa teoria, Eastre era considerada “a deusa do leste (de onde o sol nasce)”, tendo a lebre como seu símbolo, por representar a fertilidade, e um festival em seu nome era realizado durante o equinócio da primavera. Contudo, essa hipótese acerca das origens da Páscoa apresenta inúmeros problemas.

O principal problema em associar a Páscoa à deusa pagã Eastre/Eostre é a ausência de evidências concretas de que tal deusa tenha sido realmente cultuada. A única menção a Eastre aparece de forma passageira em escritos de um monge e historiador do século VIII. Nesses textos, consta que “Eosturmonath tem um nome que hoje é traduzido como ‘mês pascal’, e que outrora foi nomeado em homenagem a uma deusa chamada Eostre, em cuja honra festividades eram realizadas naquele mês. Hoje, a temporada pascal recebeu o nome dela, mantendo as alegrias do novo rito pelo tradicional nome da antiga observância”. E foi só isso. Eostre não é citada em nenhum outro documento antigo; não foram encontrados santuários, altares ou qualquer evidência que comprove o culto a Eastre. É possível que o autor tenha simplesmente extrapolado o nome da deusa a partir do nome do mês.

No século XIX, o folclorista alemão Jakob Grimm pesquisou a origem do nome alemão para a Páscoa, Ostern, que em Alto Alemão antigo era Ostarâ. Ambas as palavras têm relação com o termo alemão para “leste”, ost. Embora Grimm tivesse dificuldades em achar uma ligação sólida entre a Páscoa e celebrações pagãs, ele assumiu que Ostara provavelmente seria o nome de uma deusa germânica. Assim como Eastre, a deusa Ostara baseia-se apenas em suposições e conjecturas, uma vez que, antes da publicação de sua obra Deustche Mythologie (1835), nenhum registro mencionava tal deusa.

Portanto, embora a palavra “Easter” provavelmente tenha evoluído a partir de um antigo termo para “leste” ou do nome de um mês na primavera, há poucas evidências que apontem para algo além disso. As afirmações de que a Páscoa teria origens pagãs ou de que os cristãos teriam se apropriado de um feriado dedicado a uma deusa não se sustentam. Hoje em dia, contudo, pode-se dizer que a Páscoa possui uma face bem comercial, com a atenção mundial voltada para os ovos, os doces e o coelho pascal.

Para os cristãos, a Páscoa é a celebração da ressurreição de Cristo, ocorrida no terceiro dia após sua crucificação. Por ser o feriado cristão mais antigo e de maior importância no calendário da igreja, sua relevância se deve à crucificação e à ressurreição de Jesus, fundamentos do Cristianismo. Em algumas tradições, o Domingo de Páscoa é precedido pela Quaresma, um período de 40 dias de jejum e arrependimento que culmina na Semana Santa, seguido por uma temporada pascal de 50 dias que se estende até o Pentecostes.

Devido à comercialização e às possíveis origens pagãs, muitas igrejas optam por chamar esse dia de “Domingo da Ressurreição”. A ideia é que o foco esteja em Cristo e em sua obra redentora, uma vez que, sem a ressurreição, nossa fé não teria sentido. Assim, independentemente de chamarmos o dia de “Páscoa” ou de “Domingo da Ressurreição”, o importante é a celebração da vida e da promessa de vida eterna em Cristo.

A discussão sobre se devemos celebrar a Páscoa ou permitir que nossas crianças participem de caças aos ovos é complexa para pais e líderes religiosos. Em essência, trata-se de uma questão de consciência. Não há nada de intrinsecamente errado em pintar e esconder ovos e em transformar essa atividade em um jogo divertido para as crianças. O essencial é manter o foco na mensagem central: as crianças devem aprender o verdadeiro significado deste dia, e tanto os pais quanto a comunidade religiosa têm o papel de ensinar essa verdade. Por fim, a participação em celebrações seculares deve ficar a critério dos pais.

Deixe um comentário