O que a Bíblia diz sobre o abuso infantil?
A Bíblia não utiliza especificamente o termo abuso infantil. O que ela nos ensina é que as crianças possuem um lugar especial no coração de Deus e que quem causa dano a uma criança está, na verdade, atraindo sobre si mesmo a ira divina. Quando os discípulos de Jesus tentaram impedir que as crianças se aproximassem dele, Ele os repreendeu e acolheu as crianças ao seu lado, dizendo: “Deixai vir a mim os pequeninos, e não os impeçais, porque o reino de Deus pertence a tais como estes”. Em seguida, Jesus tomou as crianças em Seus braços e as abençoou. A Bíblia promove a bênção das crianças, e não o abuso.
As crianças são maltratadas de diversas maneiras, todas elas abomináveis aos olhos de Deus. As Escrituras proíbem o abuso infantil alertando contra a manifestação inadequada de raiva. Muitas crianças acabam sendo vítimas de castigos físicos severos, à medida que seus pais descarregam sua própria raiva e frustração. Embora algumas formas de disciplina física possam ser aceitáveis dentro de um contexto bíblico, essa prática jamais deve ser conduzida com raiva. O apóstolo Paulo lembra aos Efésios que “na vossa ira, não pequeis; não se ponha o sol enquanto estiverdes irritados, nem deis lugar ao diabo”. Da mesma forma, Provérbios ensina que “um homem irado levanta contendas, e o furioso comete muitas iniquidades.” Não há lugar para uma ira descontrolada na vida de um cristão, a qual deve ser confessada a Deus e devidamente administrada muito antes de se transformar em agressão física contra uma criança ou qualquer outro ser humano.
A Bíblia também condena o abuso infantil ao reprová-lo como pecado sexual. O abuso ou a exploração sexual é uma ofensa terrível e maligna, e as advertências contra o pecado sexual são numerosas nas Escrituras. Forçar atos sexuais a uma criança é não só um pecado, mas um ataque à inocência de uma das pessoas mais vulneráveis do mundo. Esse tipo de abuso compromete a compreensão de si mesma, os limites físicos e a conexão espiritual com Deus – aspectos que, em uma criança, estão apenas começando a se formar e podem sofrer alterações irreversíveis se não houver o devido cuidado e apoio.
Outra forma de abuso infantil que a Bíblia repudia é o abuso psicológico e emocional. Efésios adverte os pais para que não provoquem seus filhos, mas os criem na instrução e admoestação do Senhor. Uma disciplina verbal severa e desprovida de amor, a manipulação emocional ou ambientes familiares voláteis podem afastar as crianças de seus pais e tornar inúteis os esforços de ensino e correção. Imposições de exigências irreais, críticas constantes ou atitudes desdenhosas podem produzir feridas emocionais profundas, muitas vezes tão dolorosas quanto as agressões físicas. Assim, Colossenses aconselha os pais a não incitarem a amargura nos filhos, para que estes não se desanimem, e Efésios orienta-nos a falar a verdade com amor, utilizando palavras que edifiquem e nunca que destruam a sensibilidade dos corações infantis.
Está claro o que a Bíblia ensina sobre o abuso infantil: em qualquer forma, ele é condenável. Qualquer pessoa que suspeite que uma criança esteja sofrendo abuso tem o dever de reportar o caso às autoridades competentes. Aqueles que foram vítimas ou que praticaram abusos podem encontrar em Jesus Cristo esperança, cura e perdão. Buscar orientação e apoio por meio de aconselhamento cristão ou grupos de suporte pode ser um importante primeiro passo na jornada em direção à recuperação e à integridade.