Por que judeus e árabes/muçulmanos se odeiam?

Primeiramente, é importante entender que nem todos os árabes são muçulmanos, nem todos os muçulmanos são árabes. Embora a maioria dos árabes seja muçulmana, há muitos árabes que não seguem o Islã. Além disso, existem muito mais muçulmanos não árabes em regiões como Indonésia e Malásia do que muçulmanos árabes. Da mesma forma, nem todos os árabes odeiam os judeus, nem todos os muçulmanos mantêm sentimentos hostis contra eles, assim como nem todos os judeus guardam rancor de árabes e muçulmanos. Devemos evitar generalizações, mas, de modo geral, existe uma certa desconfiança mútua entre esses grupos.

Se houver uma explicação bíblica para essa animosidade, ela remonta a Abraão. Os judeus são descendentes de Isaac, filho de Abraão, enquanto os árabes descendem de Ismael. Com Ismael sendo filho de uma escrava e Isaac o filho prometido que herdaria as bênçãos, naturalmente houve tensões entre eles. Segundo as narrativas bíblicas, após um episódio de zombaria de Ismael para com Isaac, Sara convenceu Abraão a enviar Agar e Ismael embora, o que pode ter aumentado o ressentimento de Ismael. Um anjo anunciou a Agar que Ismael seria o pai de uma grande nação e, de modo curioso, descreveu-o como “um jumento selvagem; sua mão será contra todos e a mão de todos contra ele, vivendo em hostilidade com todos os seus irmãos”.

Contudo, essa antiga rivalidade entre Isaac e Ismael não explica por completo a hostilidade atual entre judeus e árabes. A formação do Islã, seguida por grande parte dos árabes, aprofundou a animosidade atribuída a Ismael. O Alcorão apresenta instruções contraditórias para os muçulmanos no trato com os judeus: em alguns momentos, orienta a fraternidade, enquanto em outros incita o ataque contra aqueles que se recusam a converter-se ao Islã. Além disso, há um conflito sobre qual dos filhos de Abraão seria o verdadeiro filho da promessa. As Escrituras hebraicas apontam para Isaac, enquanto o Alcorão defende que seria Ismael – inclusive afirmando que foi Ismael, e não Isaac, o filho que Abraão quase sacrificou. Essa divergência contribui para os atritos existentes atualmente.

Outra origem do conflito entre judeus e árabes é de natureza política. Após a Segunda Guerra Mundial, quando as Nações Unidas designaram parte da terra de Israel para o povo judeu, a região, então sob administração britânica e predominantemente árabe (ainda que com um terço da população sendo judaico), foi palco de intensos protestos. Mesmo diante da oferta de um estado palestino árabe, as nações árabes – incluindo Egito, Jordânia, Iraque e Síria – se uniram para atacar o novo Estado de Israel, na tentativa de eliminá-lo, mas foram derrotadas. Essa derrota se agravou com a tragédia dos refugiados árabes que, posteriormente, não foram acolhidos pelos países vizinhos.

Desde 1948, a hostilidade entre Israel e os países árabes se intensificou, alimentada por discursos políticos inflamados e pela atuação de grupos que defendem a eliminação do Estado israelense. Israel, situado em uma pequena faixa de terra, é cercado por nações árabes muito maiores, como Jordânia, Síria, Arábia Saudita, Iraque e Egito. Do ponto de vista bíblico, argumenta-se que Israel tem o direito de existir em sua terra, a qual foi concedida por Deus aos descendentes de Jacó, neto de Abraão. Apesar de não haver solução simples para o conflito no Oriente Médio, as escrituras exortam a oração pela paz em Jerusalém, desejando segurança àqueles que a amam.

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